A convite de nosso líder encarnado Benjamin Teixeira de Aguiar, com endosso dos Mentores Espirituais da Instituição, providenciamos o registro escrito de um trecho da palestra mediúnica por ele proferida em 27/08/2015. De regra, tais preleções de quintas-feiras (assim como as de terças) são exclusivas a integrantes das reuniões mediúnicas de enfermagem espiritual de nossa Organização. Excepcionalmente, trazemos a lume a parte final da mencionada palestra, tendo em vista o alerta educativo destinado a todos que nos interessamos pelos assuntos espirituais, sobremaneira médiuns passistas e de incorporação que exerçam suas faculdades medianímicas à luz da inspiração cristã.
Na ocasião, para maior privacidade e concentração, Benjamin manteve-se isolado numa câmara mediúnica, acomodando-se numa poltrona reclinada que lhe favorecesse o transe de desdobramento parcial, conforme solicitado por sua Orientadora Espiritual Eugênia-Aspásia, que lhe conduziu toda a experiência fora do corpo. Com alguma dificuldade de articulação, natural em tais estados alterados de consciência, o próprio médium narrava (através de sistema de amplificação de voz) ao público presente, congregado em auditório contíguo, os desdobramentos de sua “clarividência viajora”.
Passemos, então, a reproduzir, com base na narração do medianeiro, o que nos foi ofertado como lição de encerramento da referida reunião.
Após comoventes interações com Seres de escol residentes na cidade astral de Madalena, alcandorada nos Altiplanos da Espiritualidade Sublime, Eugênia-Aspásia sugeriu a Benjamin visitassem uma casinhola situada além das muralhas de proteção daquela feliz colônia espiritual. Tais barreiras vibratórias compõem um conjunto de recursos que impedem o acesso de criaturas em faixas de consciência incompatíveis com o padrão intelecto-moral elevado dos que lá convivem, em clima inalterável de nobreza de sentimentos, de respeito recíproco e legítima fraternidade, de devoção sincera e serviço benemerente.
No interior desse casebre que estranhamente se assemelhava a um iglu, imerso em gélida atmosfera, havia uma anciã encanecida, de olhar bondoso mas tristonho, que, tão logo se percebeu visitada, desatou a falar, em tom pesaroso:
“Oh, como fui infeliz!… Desprezei o ministério sacrossanto do passe, achando que nada poderia fazer de útil, por não surgirem sinais evidentes de cura nos meus primeiros exercícios como passista.
Da mesma sorte, por enxergar muitos defeitos em minha alma, julguei que frequentar reuniões mediúnicas de enfermagem espiritual (ou de desobsessão, como chamávamos no meio kardecista convencional) não era um mister para mim. E embora, por instância de confrades devotados, não me houvesse delas ausentado, em inúmeras ocasiões recusei-me a receber entidades sofredoras, por meio das aptidões medianímicas que portava, apenas porque me mantinha consciente durante a comunicação intermundos, e, assim, supunha que tudo não passasse de mera criação de minha própria imaginação. Iludi-me com essas racionalizações tão convenientes e muito comuns – lamentável reconhecer… Médiuns experimentados sempre têm meios para distinguir imaginação de fenômenos mediúnicos autênticos, quando o sinal psíquico, por si só, não está suficientemente claro para evidenciar essas fronteiras mentais.
Diga às pessoas, por favor, que não resistam às experiências mediúnicas de serviço aos necessitados encarnados e desencarnados, sobretudo as que concernem respectivamente à ministração de passes e ao transe de incorporação para enfermagem e esclarecimento espirituais, dois gêneros de atividade sagrados, mas amiúde desprezados.
Transmita este alerta a todos, para que não venham, como eu, a ficar à beira dos pórticos do Céu, carpindo dores tremendas de culpa que me impedem de adentrar o ambiente das minhas amigas e amigos doutro tempo… Sim, fui residente da comunidade espiritual de Madalena, mas me comprometi tão gravemente nesta minha última encarnação como médium, que, por ora e sabe lá Deus por quanto tempo, não posso voltar ao meu antigo Lar…
Sentia-me devota e bem-intencionada, e era apenas resistente ao cumprimento de minhas responsabilidades. Sim, que haja critério cuidadoso na canalização de mentores espirituais, bem como vigilância redobrada para evitar manipulações de poder, ainda que inconscientes, no sacerdócio da mediunidade, a fim de não se dar voz a pseudossábios, agentes da desagregação que hipocritamente se mascaram de benfeitores. Mas que tais escrúpulos não justifiquem a suspensão da tarefa caridosa com os irmãos e irmãs padecentes de ambas as dimensões de existência.
Por misericórdia, repasse essa mensagem ao maior número possível de pessoas, para que esses mesmos erros não venham a acarretar, a outros médiuns, consequências tão infelizes quanto as que hoje me afligem!… Por misericórdia, por misericórdia!…”
Tomada de profunda contrição, a desditosa senhora recolheu o rosto entre as mãos e desabou em pranto copioso…
Respeitosos, o Guia Espiritual e seu porta-voz mediúnico despediram-se telepaticamente, sem nada mais poderem fazer por aquela alma sofrida, autoaprisionada pela consciência pejada de remorsos. E o medianeiro, ato contínuo, retornou à casa orgânica plenamente, recuperando o estado habitual de vigília.
Delano Mothé (sob inspiração de Orientadores Espirituais)
5 de outubro de 2015