Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.
Lastima, amigo, o carrossel de disparates daqueles que calcinam caminhos, espalhando cardos, quando poderiam ofertar flores, amiúde pelas veredas daqueles a quem mais deveriam gratidão e reverência.
Ante a perplexidade que te domina, ante a contemplação de tais atitudes incompreensíveis, por parte de quem não te parecia capaz de tanto, olha para o Alto, e ora. Perdoa-os, de coração, e deixa-os seguirem, com a paz possível a almas comburidas em remorsos; ou, pior: crestadas na loucura de quem se oculta das próprias culpas, aumentando débitos, em vez de, voltando atrás sobre os passos equivocados, pedir desculpas a quem feriu e começar a endireitar as rotas atrapalhadas.
Se estás incurso na escola cristã, não te cabe exigir, mas prosseguir ofertando o bem. Protege-te, sim, até energicamente, quando necessário for, sobremaneira quando assuntos da causa que abraças estiverem em jogo, como o Cristo virando as bancas do templo, mas, logo mais, como o Mestre, recolhe-te em prece, no “Horto das Oliveiras”, comungando com Deus, suando sangue, vertendo lágrimas de amor. Deixa para os outros a traição da própria consciência; e segue com a tua, límpida, no desdobramento de todos os deveres e atividades que te foram confiadas de Mais Alto.
Aquela alma tresloucada olha para ti com desdém, e julga punir-te com a própria ausência, não percebendo, pobre coitada, que eras tu quem a ela oferecias oportunidade de redenção e crescimento. Lamenta-lhe a sina, e prossegue, mais uma vez, ofertando, a outros corações, a linfa do amor e do esclarecimento, como tantos há, em toda parte, carecendo do bálsamo da Luz e da Esperança, o que ela perdeu, e sabes tu que dificilmente encontrará em outra paragem, pelos desvios de rumo a que se entregou.
Viste aquel’outro coração invigilante, que se agasalhou no orgulho ferido, por não o teres visto como nobre e justo, quando, simplesmente, não foi, e ainda teres feito o favor de dizer-lho, abertamente, para seu aprendizado e crescimento. E, se ele não aproveitou o ensejo de redimir-se, dá-lhe a misericórdia de uma prece sincera, porque não sabe ele a que perigos se expõe, confiando-se ao mais perigoso dos enganos, o do orgulho, como tão bem expressa o arquétipo-mito do Lúcifer, o mais alto dos arcanjos de Deus, que se precipitou dos píncaros do céu, aos mais fundos abismos do inferno, por se permitir seduzir pela soberba.
Este, querido amigo, ainda não é um mundo para verdades inteiras. As pessoas afirmam, “da boca para fora”, quererem a inteireza de propostas, mas, quando alguém lhes oferta a pureza de suas intenções, eis que correm espavoridas, aterrorizadas com a luz intensa da verdade. Querem, na verdade, e custam a reconhecer para si mesmas, a sedução, a mentira, o embuste de olhos cheios de lágrimas, com corações gélidos de sentimentos ausentes. E, assim, deixa-os tomarem o uso do livre-arbítrio que preferiram, e não sofras mais por eles. Eles já sofrem demais por si próprios e sofrerão ainda muito mais, até que se corrijam da própria insensibilidade – o que, estejas certo, não consome poucos períodos de dor. É hora de usufruíres a tua felicidade, olhares para cima e sorrir, sobranceiro na vitória sobre todas as provas. Estás em paz e acompanhado por quem importa, os que o amam de verdade, no Plano Superior e neste, terreno, liberado da vampirização daqueles que te enganavam; involuntariamente, sim… mas que te enganavam…
E, diante disto, mais uma vez te remeto ao fundamental: Se a todos já ofertastes o apoio da verdade e o ensejo da reconciliação e eles se negaram a prestar os esclarecimentos cabíveis de quem ataca e deseja amizade de quem atacou, ora e segue em paz. Deus cuidará. Logo mais, como sabes, tu, que foste roubado nos teus ideais, pela crueldade de quem só pensou em si, estarás sendo recompensado pelos anjos do Senhor, que, mais que nunca, louvam-te a persistência, em meio à tempestade de adversidades. Para aqueles que lançam fel, para de quem receberam mel, porém, que natureza de carma poderemos esperar?…
(Texto recebido em 13 de junho de 2005.)