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Por Benjamin Teixeira de Aguiar.

Anos 1970: o olhar melancólico na foto acima revela a descoberta do segredo, sobre mim mesmo, que não poderia à época falar com ninguém: eu era homossexual, e nem sequer conhecia a palavra ou mesmo tinha notícia de que existia um vocábulo para qualificar “aquilo”. Só sentia ser uma “aberração” ou uma “vergonha” para a família, a sociedade, a religião – diante de todos, em suma.

Essa experiência não foi exclusivamente minha, mas de uma massa gigante de pessoas, não só de ontem, como também de hoje. Aproximados 10% das populações são constituídos de indivíduos que se atraem por personalidades do mesmo sexo, como nos apontam as mais conservadoras pesquisas sobre a temática, qual a do celebérrimo Dr. Alfred Kinsey, de 1948(!), baseada no método de aplicação de entrevistas(!).

Em pouco tempo, eu ouviria, pela primeira vez, as expressões chulas com alta carga emocional de ataque à dignidade, ao sentimento de valor pessoal. Agravando horrendamente o quadro, com uma espécie de endosso à perversidade que se poderia dizer generalizada, não havia príncipes enamorados por príncipes (ou princesas apaixonadas por princesas) nas histórias infantis, nem nos desenhos animados ou filmes a que tínhamos acesso. Não existiam homens casados com homens ou mulheres com mulheres, em nenhum quadrante do universo de meu conhecimento por aqueles dias, e eu era (como ainda sou) um atento observador do que surgia na mídia escrita e televisada, desde então. Só aparecia o espalhafato dos que enlouqueceram com tamanha perseguição do berço ao túmulo, naquela quadra de hedionda histeria contra gays, maior ainda da que padeci em minha geração.

Por fim, descobri que deus (a inicial minúscula é proposital, já que o DEUS verdadeiro criou igualmente os homossexuais, como os negros, as mulheres, os índios, os estrangeiros…), aquele velho mítico iracundo da Bíblia, abominava os da minha categoria. Sim, porque também percebera, por aquela época, que havia outras aberrações como eu, ocultas no tecido social… o que pouco me confortara: não poderia conversar ou desabafar com meus iguais… Onde estavam mesmo? Essas coisas não existiam ou não eram faladas, sufocadas debaixo de ameaças invisíveis de toda parte…

Algumas pessoas são bissexuais, e se ajustam, sem grandes problemas, a uma sociedade de estruturas e organização homofóbicas. Outras, mesmo gays, descobrem-se bem mais tarde, principalmente por sofrerem bloqueios culturais, com, amiúde, desastrosas consequências psicológicas e relacionais vida afora – muitos passam a se considerar assexuados ou inclinados à compulsão ao trabalho ou ao estudo. Existem, todavia, os que não se submetem ou não têm como se sujeitar à tirania da hipnose social à reprodução animal, num planeta que periclita ecologicamente à beira do Armagedon – e, ironicamente, um dos fatores preponderantes a fomentar esse perigo genocida é a explosão demográfica!

É justo torturarmos, emocional e moralmente desse modo, crianças e adolescentes, da escola à igreja, passando pela mídia e pelos responsáveis mais próximos, quando já se sabe que há raízes neurológicas ou, no mínimo, psicológicas profundas a determinarem a natureza homossexual, não se tratando, pois, de uma opção ou de um vício? Até pouco tempo atrás, uma pesquisa britânica asseverava que um terço dos adolescentes homossexuais tentavam suicídio! Não “pensavam”: “tentavam”! O padrão parece tão atual, que gigante campanha para deter uma endemia de suicídios entre adolescentes homossexuais nos Estados Unidos levou celebridades, grandes executivos e altas autoridades da nação líder no concerto internacional, incluindo o Presidente Barack Obama, a se pronunciarem publicamente, sugerindo aos que integram esta classe infelicitada por uma das mais selváticas, atávicas, generalizadas e desumanas formas de preconceito, como jamais surgiu outra igual na espécie humana, que tenham paciência contra o “bullying” nas escolas e… não se matem(!!!).

Lembrei acima que um décimo das comunidades humanas são integradas por gays. Onde estão eles? Quantas pessoas conhecemos? E quantos homossexuais há em nossas famílias ou ambientes de trabalho? Vemos, em nosso círculo de relações, esta proporção indicada pelas estatísticas? Digo: gays que, felizes, vivem a sua forma de sexualidade, e não se acanham em se apresentar como tais diante de todos, e que também não sejam atormentados por haverem declarado, honestamente, o que são, sem se verem equiparados, pela maldade de muitos, como criminosos ou dejetos da criação divina? Não é de estranhar, portanto, que haja tanta gente enrustida, e tantos homossexuais reprimidos que explodem em condutas homofóbicas, como também o lecionam os estudiosos do assunto, lastreados, por exemplo, em constrangedoras pesquisas, que chegam à grosseria, necessária (ante a fúria assassina dos preconceituosos), de denunciar, por meio de aparelhos de medições milimétricas, que a maioria dos homens muito homofóbicos (submetidos a tais testes) sofrem ereção ao assistirem a filmes pornográficos gays: com cenas de sexo entre homens(!).

Não se definir sexualmente, perante a sociedade, significa pisotear os próprios e os sentimentos de terceiros, durante anos ou decênios sucessivos, englobando-se nesse bojo não só eventuais apaixonados que esperam que nos decidamos, mas também filhos biológicos gerados em matrimônios de fachada… Isso é cristão, espiritual ou, ao menos, civilizado?

Ai do mundo homofóbico e das criaturas homofóbicas!… Textos sagrados devem ser interpretados criteriosamente, sob pena de assumirmos atitude sacrílega, transferindo para Deus, Cristo, Buda ou qualquer outro Luminar, nossas próprias mesquinharias. Ai do mundo, porque a “Mão de Deus pesa” contra toda sorte de maldade dissimulada… Uma onda poderosa e irreversível de renovação teve começo, e assusta os que nunca imaginariam questionar suas fantasias de império do interesse ou da vaidade pessoais, os que não aceitam a diferença, qualquer que seja, e que, muitas vezes, disfarçados de defensores de falsos princípios de moralidade, sob a capa de racionalizações primárias, chegam ao disparate de dizer que não são contra homossexuais, mas continuam a torturá-los em casa, tratando-os com desdém ou sussurrando outras opiniões inconfessáveis, à socapa…

Indivíduos que condenam e atacam gays – revelam sociólogos – desprezam também mulheres, negros, nordestinos (ou brasileiros e latinos, nos EUA ou na Europa, não importando se do Sudeste, Nordeste ou qualquer outra região do país)… E, se estes discriminados (mulheres, negros, nordestinos…) adotam posturas homofóbicas, estão menoscabando a si mesmos, que também são objeto de preconceito. Quem persegue minorias, ainda que não se veja assim, é alguém sem autoestima, de mau caráter e ausência de coração, manipulador e calculista, que mal consegue enganar seus pares.

Estranha essa opinião? Abramos os olhos e observemos! Este é um período crítico em que lobos e cordeiros são revelados… o joio e o trigo evidenciam-se… Muitos não percebem acontecer um movimento histórico, e presumem que a atual visibilidade conferida ao tema representa uma disputa de lados na areia movediça das paixões e caprichos humanos. Serão afogados na lama da própria maldade…

Aproveitemos para registrar informações sobre pessoas e instituições homofóbicas. Logo mais, será tão patético (ou criminoso) apresentar opiniões contrárias a minorias, que ninguém o fará publicamente, como também terá receio de fazê-lo na intimidade, qual já acontece hoje, em grande medida, com relação a negros e mulheres.

Olhe em torno de si e verifique quem é preconceituoso militante, agressivo ou venal, transparente ou sub-reptício. E tenha em mente: preconceituosos são almas viciosas e malévolas, que dificilmente corrigirão, no espaço de uma vida, sua feição destrutiva e interesseira. Tenha cuidado com tais individualidades: elas podem parecer amigas, falando de terceiros; na primeira oportunidade, contudo, falarão de você, pelas costas… pois que todos, de alguma forma, pertencemos a um grupo discriminado ou portamos fraquezas que podem ser utilizadas contra nós.

(Texto redigido na madrugada de 19 de maio de 2012.)

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