Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.
Ao encontrares pedras brutas como amigos de destino, tem o prazer de lapidá-los, ao reverso de quereres enxotá-los de teu caminho. Há pessoas-pedras que, todavia, são portadoras de corações de ouro, ocultos por detrás do pedregulho. Aprender a garimpar é necessário. Pedras polidas e preciosas dispensam trabalho a ser feito: merecem apenas ser contempladas. A pedra rústica, porém, precisa da tua atenção e do teu amor. Toca-a com carinho, acrisola-a, como faria o escultor com o cinzel em mão, tomando de um pedaço de mármore – que não é mau por não ter formas belas –, e faze dela tua expressão de beleza e amor.
A pedra bruta também ama, mas nunca será o anjo que almeja, enquanto não merecer o amor de alguém que cruze seu caminho e se digne a lhe dar um pouco de afeto. Sê tu o anjo oculto em seu destino, como um dia alguém foi no teu. Não pretendas mudar nem controlar ninguém, mas envides o esforço de semeadura, a fim de que o Senhor faça o restante, metamorfoseando sua natureza de lagarta, para liberar-lhe a borboleta oculta.
Não esperes, outrossim, prêmios de gratidão ou retribuições de quem ainda mal aprendeu a contactar seus sentimentos. Passarás por momentos amargos de solidão e amargura, ao seres tratado com desprezo e distância –, já que não podes ser entendido completamente por quem te segue abaixo, no carreiro evolutivo. Mas, se concentrares o foco de tua atenção na alma pura e boa que subjaz à canga grossa que teu amigo revela, logo notarás que teu trabalho não é o de enfrentar uma fera, mas sim de alimentar uma criança carente e frágil, nos teus braços de mãe amorosa.
(Texto recebido em 21 de maio de 2001.)