Benjamin Teixeira
pelo espírito Roberto.
Você me pergunta, minha cara, o que fazer com os homens. E eu lhe digo, muito simplesmente: deixe que eles sejam homens.
Mulher gosta de homem sensível… como um efeminado…
Galante, como um bom canalha que aborda todas muito bem… falando tudo que elas querem… da boca p’ra fora.
Cuidadoso com as crianças, como uma fêmea parida.
Mediúnico e antenado, como uma mulher histérica.
Atento à moda, como gays chiques.
Que elogia a roupa e o penteado novos, como o fazem suas amiguinhas invejosas e falsas.
Enfim, a mulher costuma gostar num homem de tudo que não condiz com a natureza masculina ou que, quando se apresenta, indica, normalmente, patologias de difícil ou impossível (pelo menos para curto e médio prazo) erradicação (a canalhice de uns e a homossexualidade de outros só se pode ver “corrigidas”, normalmente, em outra existência).
É bem verdade que homem moderno tem que ser mais intuitivo, sensível, amoroso e gentil. Mas tudo isso se deve exigir da classe masculina entendendo que nunca um homem-padrão da Terra será doce como a vizinha faladeira, nem intuitivo como a vovozinha sensitiva que pega tudo no ar. Certas medidas devem ser respeitadas, porque elas simplesmente são intransponíveis: são estruturais na psique masculina. Assim, valorize pequenos ganhos e pequenos atos de seu homem rude (ser rude é, lamentavelmente, coisa de homem, apesar de todo o blá-blá-blá ideológico-sociológico que diz que a grossura masculina é mera falta de educação: injete-se um pouco de testosterona em metade da população feminina e se verá o resultado). Se um cachorrinho faz pipi no lugar certo e uma criancinha lactente balbucia umas palavrinhas cheias de erros, fazemos a maior festa. Pois é exatamente isso que se deve fazer com os homens, em suas iniciativas de delicadeza. Definitivamente, as mulheres devem compreender que ser delicado, que parece tão fácil e natural a elas (porque compõe a natureza feminina), é dificílimo e sofrido para os homens. No entanto, quando não conseguem fazer “uma coisa tão simples!”, as mulheres imaginam que se trata, “é óbvio, eu não sou boba!”, de pura má vontade e desconsideração. Um homem que dá um bom dia com um sorriso… Fantástico! Um homem que fala que o penteado novo (o simples fato de notar já é surpreendente para sua visão extremamente lógica e linear, voltada exclusivamente para o útil e necessário), é um assombro! E se ele traz o café na cama, dá um buquê de flores de surpresa, ou telefona só p’ra dizer que a ama… Minha amiga!… Trate de amarrar esse cara… pois ou ele é um calhorda muito refinado, ou é um espécime tão raro na Terra, que você pode até suspeitar de suas propensões sexuais, sem estar sendo paranóica.
Em suma: não exija tanto de seu homem. Estamos cansados de saber que vocês são mais sensíveis e amáveis, e que nós devíamos ser mais tudo isso. Estamos – pelo menos os mais sensatos – também completamente convencidos de que temos muito a melhorar em nossas habilidades intuitivas, relacionais e até sexuais (para sermos mais satisfatórios e menos ejaculatórios). Mas, creiam: estamos dando o nosso melhor. Ou acham que gostamos de ser chamados de “grossão”, “brutamontes”, “cavalo”, “insensível”, “cínico”, “animal”, e delicadezas congêneres? Queremos ser bastantes para a mulher amada. Vê-la nos olhar enlanguescida de paixão e devotamento. Imaginar que ela é totalmente feliz porque nos tem como seu homem, e que somos completamente suficientes para suas necessidades de mulher. Se não fazemos mais por isso, estejam certas – falo pela maioria, sei que há exceções – estamos nos esforçando nesse sentido, por uma razão muito simples: é nosso interesse fazê-las felizes, amadas e tranqüilas, porque não consegui-lo representa um golpe em nossa auto-estima masculina, no conceito que fazemos de nossa própria virilidade.
Portanto, um pouquinho de paciência e compreensão não seria, de sua parte, quanto a nossas deficiências psicológicas, só uma questão de virtude moral, mas de lógica relacional, porque, mulheres, vou lembrar algo talvez esquecido: não somos mulheres – somos homens!
(Texto recebido em 28 de maio de 2003.)
(*1) Roberto, nesta sua mensagem, dirigiu-se oras a uma mulher hipotética no singular, oras falou para toda a comunidade feminina, no plural, para dar mais ênfase a um ou outro conceito. Resolvi respeitar-lhe o estilo livre e deixar o texto como o recebi originalmente dele.
(*2) Esta mensagem compõe um binômio perfeito com a que foi publicada na terça-feira próxima passada, “Crise Masculina”, para a qual reporto todos que não a leram. Roberto dá um “pito” – usando o seu termo – nos homens por lá, para que possa, na de hoje, dar um nas mulheres. Para ele, com muita lucidez e justiça, não há inocentes: só ignorantes. Brilhante, como sempre. Direto, quase chocante. Perspicaz e persuasivo, invariavelmente.