Benjamin Teixeira de Aguiar,
pelo Espírito Eugênia-Aspásia.
Planejamentos são assim: raramente se desenvolvem, na vida real, como idealizamos. A vida é complexa e imprevisível demais, para que possa caber no espectro da limitada cognição humana.
O paradoxo, em vários aspectos frustrantes, finca-se inexoravelmente no solo de nossas almas. Contudo, vocacionadas à transcendência, nossas mentes são propelidas a pensar no infinito e no impossível, de molde a que o inalcançável, para determinada conjuntura espaço-temporal, efetive-se d’alguma forma, em algum momento futuro, embora não saibamos, em que século ou milênio dar-se-á o que ideamos, nem (muito menos) se isso será concretizado exatamente como arquitetamos – o que quase nunca ocorre, para sermos mais exatos. Quase sempre (sem pretender fazer trocadilhos – risos), aquilo que planejamos tem caráter de proposição-baliza ou ideal-diretriz, não funcionando propriamente à guisa de programa efetivo a realizar.
Lamentavelmente, somos orientados, pela cultura egoico-racionalista, dominante no plano físico de vida, na Terra da atualidade, a querer controlar nossas atitudes e a presumir, errônea e ingenuamente, que seja possível não só o governo completo de nós próprios, como também, pior ainda (um corolário idílico que decorreria dessa premissa utópica), o absoluto domínio sobre nossas existências – quando não há até mesmo o tácito ou declarado interesse em controlar terceiros e eventos externos. Somente com bastante arrogância, ignorância e estupidez, pode alguém reter essa crença por muito tempo. A vida, por dentro e por fora dos indivíduos e das sociedades, é pervagada por variáveis aos milhões, em dimensões imensuráveis, que nenhuma equação de Teoria do Caos poderia abarcar.
Felizmente (sem ironia), enquanto nos mantemos atreitos a esse ponto de vista primário (que a civilização ocidental nos instila, por branda mas profunda hipnose, desde o berço – quando encarnados), fadamo-nos a amargas desilusões, que nos incitam a perceber o severo equívoco de tal perspectiva, favorecendo-nos a mudança de paradigmas e, com isso, o descortinar de horizontes mais vastos de ação, pensamento e sentimento, ante o rico e interminável caleidoscópio de eventos e possibilidades da condição humana, seja no campo íntimo ou externo à criatura.
A despeito dessas considerações, assimilemos a parte construtiva e devida deste patamar de proposições mais superficiais e lineares: que sejamos responsáveis por fazer o que esteja na esfera de nossas possibilidades pessoais, envidando esforços no sentido de materializar no mundo aquilo que julgamos ser nosso dever gerar. Ninguém discutirá o acerto desta postura pragmática e honesta: trata-se de um natural desdobramento da adultidade do pensar e agir humanos. Todavia, tenhamos a lucidez mínima de reconhecer que não podemos dirigir o imponderável “carro da vida” como se conduzíssemos uma antiga diligência puxada a cavalos, com a ilusão do total controle concedido pelas rédeas à mão, presas às mandíbulas de animais acorrentados, qual se este engenho representasse a última, mais avançada e possível tecnologia humana, em transportes velozes.
Feito o que nos é devido, aprendamos, em contrapartida, a confiar em Deus e Seu Universo Inteligente, que, muito embora não nos conceda exatamente o que esperamos, oferta-nos realizações bem melhores do que poderíamos conceber, n’outro tempo… ou, como mais apropriado seria dizer: em qualquer tempo e circunstância.
(Psicografia de 20 de junho de 2013.)
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