Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eustáquio.

Vês-te caído, agora, completamente exaurido, em crise deplorável de tristeza e angústia, vislumbrando, em ti mesmo, ares de derrota inapelável. Não vês saída para o impasse em que enveredaste, desavisadamente. Sentes-te vítima de cilada nefanda, sufocando-te a alma, em meio a ervas daninhas e traiçoeiras peçonhas do Mal. Com a alma congestionada de aflições indizíveis, soluças de dor, sem, todavia, verter uma única lágrima.

Converte agora, porém, amigo encarnado, tua dor em aviso de alegria para aqueles que, mais sofridos que tu, jornadeiam, vida afora, faltos do mais reles auxílio amigo.

Tu podes, se quiseres, sair do torpor em que te aninhas, qual vítima inerme, mas que, em verdade, só penetrou tua alma pela porosidade de tuas faltas, de tuas próprias inclinações perniciosas.

Asilas em ti, ainda, defeitos ou vícios que poderiam ser erradicados, com maior força de vontade e que permitiste medrarem, por incúria injustificável. Padeces, assim, o resultado inexorável de tuas próprias escolhas passadas.

Mas podes mudar esse quadro. Soergue-te, neste exato momento, sobre os escombros de tua vida esfacelada e, reanimando-te, volta ao serviço, sob o império de deliberações novas de corrigenda dos desvios hoje inconciliáveis com tua função, com teu nível de consciência, com tua fé. E, por fim, tenta entender que momentos de crise sempre haverá. Entrementes, pela forma como reages a eles, poderás efetuar grandes conquistas evolutivas ou desperdiçar grandes ensejos de felicidade, chafurdando no charco da tristeza e no paul da indignidade.

(Texto recebido em 25 de outubro de 2001.)