Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Procure reconciliar-se consigo próprio. Não se pode perdoar a ninguém, sem antes terem-se feito as pazes consigo mesmo. Ódios cruentos frequentemente ocultam sérios processos autodestrutivos, projetados e, assim, camuflados num espelhamento no outro. Autocorreção saudável, eficaz, em medidas exequíveis, em estratégia sustentável, sim, é caminho excelente e mesmo necessário ao processo de crescimento da alma. Prometer-se o impossível para a própria estrutura evolutiva, frustrar-se e render-se ao processo de autoflagelação psicológica, de fato, é de uma estultícia ímpar.
Não é fácil reconstruir a vida, após se sentir terrivelmente desaprovado por si próprio. Quando se comete um sério deslize, a sensação é de extrema infelicidade. Sendo assim, faça com que cada dia se assemelhe a uma volta na grande tapeçaria da existência. Você pode sofrer atrasos, ao desfazer nós já feitos, malfeitos, ou, se preferir, mudar o padrão do desenho, para incluir a alteração no conjunto. Mas pense desta forma: sempre há um jeito a se dar em qualquer problema. O fatalismo de quem se sente irremissivelmente perdido e condenado a castigos inapeláveis é uma imagem grosseira e anacrônica de como, de fato, as leis de justiça da Vida se desdobram.
As pessoas pensam, amiúde, de modo dramático, fechado, inflexível. É sempre possível ressarcir-se por erros que se tenham cometido, seja literalmente corrigindo o que foi feito equivocado, seja compensando-se pelo mau ato. Há quem fique deprimido ao pensar que, após ter feito algo de errado, não se tem como voltar atrás e apagar o ocorrido. Isso é verdade, mas a questão é que a pessoa está interpretando a situação de maneira errada: deve mudar seus paradigmas. Além de só levar a remorsos destrutivos e completamente contraproducentes, esta ótica não corresponde a uma perspectiva acertada da vida. Abandone o modelo do corpo que se quebra e não se tem mais como remendar, a não ser de forma tosca, quase patética; use o modelo da conta bancária no negativo: você pode ter um saldo positivo, por nunca haver feito dívidas, mas também pode ter o mesmo saldo positivo, porque compensou antigos débitos, com o investimento de bons créditos. Ao banco, não interessa o quanto tenha se endividado, desde que, depois, haja se ressarcido dos débitos. O Cosmo, com suas leis indefectíveis, age da mesma maneira. Se você acha que incorreu em alguma falha, não se entristeça. Faça o que pode agora, para retornar ao caminho certo, e, quanto antes, elimine, de todo, o sentimento de culpa – esta, sim, uma falta grave, já que põe a perder patrimônios preciosos de oportunidades de crescimento, realização e transformação.
Não perca mais tempo, prezado amigo, lamentando-se pelo que ocorreu no passado, seja recente ou remoto. O que importa é o que possa fazer agora por seu presente, em função de seu futuro, da sua felicidade e da de outras pessoas. Importa o quanto de bem pode fazer e não o quanto de mal pode se conscientizar de ter feito. Vire o jogo, vire a mesa, seja prático e busque a felicidade. Reconhecendo erros, assumindo responsabilidades, mas de modo racional, funcional e, sobremaneira, esperançoso, olhos postos no futuro, porquanto sempre é possível vencer, e, em última análise, todos vencerão, mais cedo ou mais tarde: mais cedo para os que envidarem esforços de forma mais adequada; mais tarde para quem escolher caminhos sinuosos… mas sempre, sempre, ao fim, a vitória, a glória, a plenitude!…
Sendo assim, por que não facilitar as coisas e antecipar o melhor?
(Texto recebido em 02 de maio de 2000. Revisão de Delano Mothé.)