O mal não está somente fora. Está dentro de você. Estamos num universo holográfico, de modo que tudo está contido em tudo, de uma certa maneira. O diabo não mora num lugar místico, vago, longínquo: o diabo está dentro de você. Existem seres diabólicos, mas que só podem afetá-lo e entrar em sintonia com seu mundo, por meio das matrizes de ressonância do mal em você mesmo.
Estude-se em profundidade e descubra os redutos onde se oculta o mal em sua psique, e trabalhe-o, continuamente, não apenas no esforço de transmutá-lo, mas, principalmente, de dar vazão aos excessos de tensão que se acumulam em seu psiquismo, por conta de sua repressão. E a repressão é a fonte dos mais bárbaros horrores perpetrados pelo ser humano, da tirania religiosa às guerras sanguinárias. Nem todo o mal em você poderá ser de imediato transmudado em algo melhor, de modo que o excedente deverá ser expelido, para não desorganizar sua vida mental, aturdindo-a, enlouquecendo-o, tirando-lhe a alegria de viver, a disposição para fazer, a criatividade e a paz. É dever seu descobrir um fio terra, um rito a que se dedique, continuamente, ao menos uma vez na semana, para eliminar os raios de sua loucura e de sua perversidade, de modo consciente, construtivo, ético e controlado, ou eles o fulminarão, enquanto você jazerá atormentado e dementado, sentindo-se vítima de tudo e de todos, destruído pela própria estultícia, assassinado pelo seu assassino interior.
Não por outra razão, a palavra diabollus, do latim, significa separação, separação de aspectos do Si, que precisam ser reintegrados ao conjunto da personalidade. Ou você disseca o mal que existe em si, assimilando-lhe a energia implícita para usar para o bem, ou o mal se apoderará de você. Não há alternativa: ou você reconhece o mal em si, e, elaborando-o, reabsorve-lhe o conteúdo psíquico, ou será fatalmente levado a praticar o mal, contra si e contra o seu semelhante, principalmente contra quem mais ama, talvez quando mais bem intencionado se sentir. É por isso que o maior pecado humano, como reza a tradição cristã, é a soberba. Quanto menos uma pessoa se supuser com o mal em si, mais o mal se alojará e crescerá nela, já que, nos subterrâneos da mente, converte-se em terrível dragão, cuspindo o fogo da infelicidade, contra tudo e todos, o que, tecnicamente, em psicologia analítica, chama-se de sombra psicológica, nesse caso agigantada.
Prezado(a) leitor(a), esse é assunto de gravíssima importância, pouquíssimo ventilado na cultura hodierna. Se não compreendeu de imediato o conteúdo de minhas sugestões – o que é provável, porque o tema é complexo e não se apreende sem longo estudo – informe-se sobre o assunto. Leia, faça cursos, consulte-se com especialistas. Nele reside a causa para todas as desgraças da humanidade, no nível individual e coletivo. Não por outra razão, é dito em antiga prece cristã, de forma cifrada, que Jesus, antes de ressuscitar, desceu à mansão dos mortos, tanto quanto o Cristo, antes de começar sua vida pública, precisou passar quarenta dias no deserto e dialogar e ser tentado por Satanás. Quem não se conscientiza de suas trevas interiores, nunca enxergará a Luz.
Demétrius
(Texto recebido pelo médium Benjamin Teixeira, em 28 de março de 2001.)
NOTA DO MÉDIUM:
Pelo advento da 10ª Jornada Holística, que estará acontecendo nesse final de semana, na Praia do Saco, e que contará com minha direção, as mensagens diárias deste site estão sendo adiantadas até o Domingo, desde já, a fim de que não haja solução de continuidade no serviço. Dessarte, prezado (a) visitante do Salto Quântico, sugiro-lhe compulsar as mensagens correspondentes aos dias anteriores (na opção no final desta página: mensagens anteriores), já que a que segue abaixo é concernente ao Domingo, 1º de abril.
Muita paz e felicidade,
Benjamin Teixeira.
Aracaju, 29 de março de 2001.
Modernos Ritos de Passagem.
Debutar, formar-se, casar-se – ritos de passagem da cultura moderna, normalmente desprezados, mas prenhes de conteúdo simbólico, importantes para incitar e agregar valor ao desenvolvimento da psique humana, a caminho da plena maturidade.
Debutando, a jovem adentra o universo feminil de seu poder co-criador com Deus. Formando-se, o indivíduo adulto recebe um endosso social para laborar como artífice do conhecimento. Casando-se, declara, publicamente, seu compromisso na constituição de mais um elemento da célula-mater da socidade: a família.
Sim, as formalidades são vazias em si mesmas. Mas que não se menoscabe o significado que lhes subjaz. Não fora isso e não seriam necessários as festividades natalícias, nem os feriados que coletivamente estimulam a mente das massas a reflexões necessárias.
Que, todavia, não se pare na convenção, esquecendo-se da consciência. A convenção existe para fazer brotar a consciência, num nível mais alto de expressão e complexidade, e não para apagá-la, distraindo-a com inutilidades.
Assim, faça do seu momento de rito de passagem – tão presente em culturas primitivas e quase que por completo eliminados nas sociedades contemporâneas – um instante singular de meditação, planejamento, transformação e, principalmente, novas atitudes. Não fazer isso é desperdiçar preciosa quota energética que se acumula em torno dos envolvidos no processo, em prol de seu êxito, na nova etapa existencial que se lhes inicia, injeção essa de forças efetuada, pela egrégora* dos que se congregam para a comemoração do evento.
Gustavo Henrique
(Texto recebido pelo médium Benjamin Teixeira, em 28 de março de 2001.)
* Em latu sensu podemos dizer que egrégora significa a psicosfera ou o campo mental espectral de um grupo determinado, que assume certas qualidades autônomas, assemelhando-se a uma individualidade livre. A Psicologia Social, no estudo da psicologia das massas, aborda cientificamente o complexo fenômeno, embora não considerando sua existência.
(Nota do Médium)