Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.
Aceita o refrigério que a Divina Providência te envia, para abrandar-te a ardência das provações. Não te encarceres na revolta, por portares o coração torturado no sonho desfeito ou na frustração longamente curtida. E, destarte, ao reverso de te debateres sobre os espinhos da expiação, recebe, grato e feliz:
• O braço ou o abraço de amigo sensível.
• A palavra de bálsamo da dama amorosa.
• Os ouvidos acolhedores de mãe, esposa ou irmã.
• A inspiração sublime de texto sagrado.
• A palestra sugestiva de orador inflamado.
• O socorro infalível de prece sentida.
• A própria caridade que ofertes, a benefício de quem segue em situação pior que a tua.
Sim, é possível que carregues, por muito tempo ainda:
• O sonho frustrado.
• O coração carente.
• A tristeza inconsolável.
• A penúria renitente.
• A saúde sofrível.
Todavia, talvez persistam tais provas contigo, justamente para que desfoques a atenção delas e desenvolvas habilidades ou virtudes que não ainda tenhas desdobrado. O que significa dizer, portanto, que, se queres que tais padecimentos se vão, quanto antes, além de envidares esforços e aplicares tudo que, razoável e praticamente, puderes fazer neste sentido, deves desviar a atenção da lamúria sobre eles, para o usufruto de outros tesouros da vida, não só agora, mas persistentemente.
Compreende que, por sinal, não pode haver desfruto das delícias do paraíso sem a gratidão à esperança no purgatório, já que a gratidão é não só a base do edifício da felicidade, como a lente indispensável para que se enxerguem as bênçãos da ventura, a fluírem, copiosamente, do Alto, sobre a vida de todas as criaturas, por mais sofredoras que se sintam ou, de fato, pareçam ser.
Aceita, assim, a bênção do consolo que Deus te envia, mesmo porque, um dia, podes despertar para a verdade surpreendente de que o que te conforta ser mais importante, infinitamente mais valioso do que o que te falta, qual se chorasses por demônios-vampirescos, sem te dares conta de estares sendo socorrido por anjos-gênios enviados por Deus…
(Texto recebido em 1º de junho de 2005.)