Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Querido amigo encarnado:
Você me procura, cheio de chiste, prenhe de razões e de verdades…
Anota-me uma série de motivos e argumentos para crer que esteja sozinho, que foi abandonado de Deus (ou que Ele não existe), que os bons espíritos, idem: constituem crença tola, para mentes primárias, e segue você, alinhavando toda ordem de raciocínios, que lhe parecem impecáveis.
Entretanto:
1) Onde está a razão de a ciência, até hoje, não ter derruído o poder da religião, que cresce em todo mundo, quanto mais o conhecimento avança, exceção feita à Europa que fossiliza e encolhe viva, qual um paciente vítima de gangrena ou de septicemia, envenenada com a própria negação?
2) À medida que a Ciência avança, novas áreas de estudo da psique revelam o poder de Deus e da Espiritualidade, como forças motrizes da consciência humana, constituindo-lhe uma necessidade de interação, para que atinja a plenitude, e até para que preserve um mínimo de equilíbrio e sanidade.
3) Onde está o motivo que justifique que, quanto mais evoluída uma criatura, quanto mais madura e mais lúcida, mais ela tende a ter uma perspectiva mística ou espiritual de vida, como foram os exemplos de Gandhi, Einstein, Buda ou Cristo, respeitadas as devidas proporções de nível de cada um?
4) Que fazer com todo o novo cabedal de evidências da imortalidade humana e sua comunicabilidade após o transpasse das fronteiras da morte, como a transcomunicação instrumental, a TVP e as EQM’s?
Bem, só me resta lhe dizer: deve você se atualizar um pouco mais, quanto ao que acontece no mundo, no capítulo do crer ou descrer nas realidades espirituais; porque, por agora, as questões de fé começaram a ser consideradas, no mundo acadêmico, não mais como artigos de crença, mas sim como fatos antropológicos, psicológicos e sociais, com repercussões profundas na vida não só de indivíduos, mas de populações inteiras, muitas vezes pondo em risco a sobrevivência de civilizações…
Orar é preciso, viver Deus, a solidariedade cristã e a felicidade por conseqüência. Quer ser pleno? Então, não vire as costas para a religião. Quer ser feliz? Então, não ignore sua natureza espiritual. É impossível estar em paz, e menos ainda viável ser realizado, sem se considerar as questões escatológicas, as perspectivas teleológicas mais profundas, o sentido de propósito, de significado, de razão para viver.
(Texto recebido em 24 de fevereiro de 2005.)