Dicas práticas para orar com melhor qualidade e curiosidades sobre neurofisiologia, alimentação energético-espiritual, origem do fenômeno da saudade, práticas vampirescas involuntárias e hemorragias d’alma.

Benjamin de Aguiar,
pelo
Espírito Eugênia.

(Benjamin de Aguiar) – Adorada Mãe, podemos conversar?

(Espírito Eugênia) – Devemos. Sei que já foi informado do assunto, previamente.

(BdA) – Sim, durante as meditações e orações matinais, fiquei sabendo que você gostaria de trazer a lume um tema específico, para esclarecer e dirimir as dúvidas de muita gente – questionamentos estes que considero de caráter sagrado.

(EE) – Então, comecemos.

(BdA) – Eugênia, as diversas tradições espirituais da humanidade têm um conjunto de regras que variam na forma, mas parecem manter uma linha diretriz basilar sobre o tema preces-meditação – estou certo?

(EE) – Sim.

(BdA) – As atividades de oração e meditação afiguram-se como muito distintas, sobremaneira para os menos afeitos à temática e, mais ainda, à sua prática.

(EE) – Exatamente.

(BdA) – Muitos reclamam de falhas de concentração, de não possuírem um método consistente, nem encontrarem tempo para orar, pois gostariam de fazer preces por mais tempo e de melhor qualidade. Os próprios Discípulos de Jesus pediram ao Mestre Supremo um ensino nesse particular, d’onde surgiu a “Oração Dominical”, mais conhecida como “Pai Nosso”.

(EE) – Correto.

(BdA) – Bem, bombardei-a com muitas questões. Não sei se agi de modo correto. Normalmente, abordamos subtema a subtema, para que não se “embolem” uns nos outros e nos façam perder a perspectiva de profundidade ou mesmo detalhes relacionados a cada um dos elementos constituintes do assunto ou ao conjunto da Temática Principal. Mas fui animado, por suas respostas lacônicas, a fazê-lo…

(EE) – Sim, filho. Desejara que assim fosse, para que lhe respondesse de uma só vez; e você pode me interpelar no meio de minha fala, pelo que lhe quero deixar à vontade para me interromper, quando lhe espocar uma outra área de indefinição e dúvida, sua ou de terceiros.

(BdA) – Certíssimo. Todo ouvidos.

(EE) – Primeiramente, oração é respiração da alma. Ninguém pode viver sem ela. Algumas pessoas supõem que passam pela existência sem vivenciar estados meditativos, e não notam, por exemplo, que fazem transes durante uma leitura, enquanto brincam de joguinhos eletrônicos ou assistem a telenovelas ou a filmes, no transcurso do conúbio sexual ou mesmo no ato de conversar, com profundidade e intensidade, com amigos e/ou familiares, perdendo a noção, amiúde, de espaço e tempo – o que bem caracteriza os “estados alterados de consciência” (usando agora um termo mais técnico), que constituem necessidade-impulso inerente ao ser humano. O cérebro é programado, genética ou neurofisiologicamente (como se prefira entender e dizer), para desenvolvê-los, e a deficiência em gerá-los indica graves distúrbios, como o déficit de atenção nos estudos ou a distração em atividades profissionais – um drama que se complexificou, na era da multiatenção. Os indivíduos “fazem transes” quando estudam, ao se dedicarem ao trabalho, num momento de lazer, enquanto acompanham uma palestra de seu agrado.

(BdA) – Alguns deduzem, porém, com a descoberta de certas circunvoluções cerebrais mais associadas a estados místicos e religiosos, que tais práticas seriam uma mera função fisiológica de um órgão do corpo (o cérebro), sem grandes elementos de transcendência do material, como é aventado, em primeiro exame.

(EE) – Justamente a este ponto é que desejaríamos conduzir nosso diálogo. Fazer estados alterados de consciência (aqueles em que a atenção está modificada – nem que seja pelo sono, com ou sem sonhos, sejam estes bons ou maus) é um automatismo inarredável do psiquismo e mesmo da cerebração humanos. Entrementes, gerar estados “mais elevados” de consciência – eis o busílis da questão – exige certa ordem de métodos, esforço e disciplina, e é exatamente nesse campo de reflexões que entra nosso estudo mais aprofundado. A Neuroteologia tem razão ao falar que existe a fisiologia do cérebro relacionada à vivência espiritual, mas devemos recordar que há, da mesma forma, a neurofisiologia da visão ou da audição, sem que isso signifique que não exista no mundo externo o que esteja sendo visto ou ouvido (não importando como sejam esse objeto ou som, em “estado bruto” – ou seja: sem os filtros dos sentidos materiais). Existe a fisiologia da prece: o “The God’s Spot”, como denominado por Melvin Morse, o lóbulo temporal direito do cérebro, que seria responsável pela captação de “vozes espirituais”; assim como a glândula pineal, que funciona qual “antena psíquica” da mediunidade e do contato com outras inteligências (não necessariamente manifestadas em organismos de matéria densa), como tanto a literatura esotérica e espírita o afirma, alguns chamando-a de “o terceiro olho”. Sérgio Felipe, no Brasil, estudando a glândula pineal, descobriu como seu elemento constituinte um mineral específico, a apatita, que atrairia as ondas eletromagnéticas d’outras mentes (encarnadas ou desencarnadas), como também demonstrou que a epífise apresenta resíduos fisiológicos de um aparelho ótico, como se fora um olho atrofiado… O lóbulo parietal esquerdo, por sua vez, chegou a ser indicado, por estudiosos estrangeiros, como um centro de construção cognitiva do sentido do “eu”, que seria desativado, em momentos de meditação profunda ou comunhão com outras “faixas de consciência”, com isso “justificando” o sentido de consciência cósmica ou identidade com outras personalidades, característicos de tais práticas meditativo-oracionais. Mas, conforme o dissemos acima, o cérebro é um canal de comunicação com o mundo externo: há regiões mais especializadas para o paladar, o olfato, a visão, a audição, o tato. Existem também aquelas atinentes à percepção do que está fora do espectro direto de captação dos sentidos grosseiros do corpo, mas que pode ser apreendido pelas antenas sensíveis da mente, que precisam ser utilizadas e desenvolvidas, para que o indivíduo alcance o sentimento de realização pessoal, de plenitude.

(BdA) – Muito bem, acho que chegamos, então, às tais questões que lhe apresentei acima.

(EE) – Sim. Perdoe-me o introito mais longo, mas era necessário, para que se entenda o inexorável do processo: não se trata de uma escolha pessoal, para gente religiosa ou afeita ao assunto espiritual, por exemplo, como se costuma pensar a respeito da temática. E interessante notar que aludi a apenas um aspecto: o que concerne ao funcionamento do cérebro, em consórcio com a mente, durante esses “estados alterados de consciência”. Se cogitarmos, porém, na minha primeira sentença – “oração é respiração” –, e em torno dela fizermos circunvoluções de lucubração, começaremos a adentrar o campo de conjecturas que realmente nos agrada e importa aqui ventilar.

(BdA) – Pois não.

(EE) – Já foi dito, alhures e antanho – sobremaneira na obra psicografada de Chico Xavier, de modo lapidar –, que cada criatura vive na atmosfera psíquica que lhe diz respeito; nesse sentido, atraímos e somos atraídos por nossos semelhantes (encarnados ou desencarnados), em termos de gostos, interesses, valores, propósitos de vida, tanto para consequências construtivas quanto, lamentavelmente, para destrutivas também. Alimentamo-nos de energia mental e espiritual, se é que assim podemos nos exprimir. Sentimos saudade de alguém, porque, como disse Emmanuel, Guia Espiritual do Cândido Xavier, “sentimos falta do magnetismo” da pessoa. Almas santas ou iluminadas, encarnadas na Terra, padecem muito, destarte, tanto mais quanto maior for a disparidade entre seu padrão de onda psíquica e o da média coletiva. Por esta razão é que costumam se isolar em longas preces e meditações, transes mediúnicos ou estados místicos de consciência: de partilha e comunhão direta com seus iguais, albergados em planos mais altos de consciência, normalmente todos ou quase todos desencarnados. Para estas criaturas, pertencentes a uma humanidade do futuro, orar, meditar ou confabular “con il suo angelo buono” representa o prazer supremo, pois que, nesses instantes particulares, sentem-se compensadas em suas energias, amiúde depauperadas em contato com as mentes refratárias com que são dadas a conviver, para lhes estimular o processo evolucional.

(BdA) – Nessa permuta de forças, Eugênia, necessariamente alguém doa e outrem recebe?

(EE) – Isso comumente ocorre, mas não necessariamente precisa assim se dar; e, a rigor, não deve acontecer. Por exemplo: reúne-se um grupo de amigos sinceros – em sua amizade (risos): nem sempre sinceros n’outras facetas de suas personalidades e caracteres, lamentavelmente. Vamos imaginar, como “hipótese de trabalho”, para facilitar a compreensão da intrincada questão, que a maior parte deles estava se sentindo relativamente “baixo astral”, como se diz no vernáculo. Após uma ou duas horas de conversação fraterna, todos estão se sentindo “elétricos”, como se uma bobina de força mental os estivesse recarregando. Até quem estava se sentindo bem, antes do encontro, acaba por se sentir melhor ainda. É que o Amor é Fonte Fundamental de Vida!… Onde há genuína paridade psicológica, interesse e preocupação com o outro, simpatia e partilha de valores e bem-querer, há a canalização das Fontes Místicas da Existência. Esta é uma das razões simbólicas para que o Cristo dissesse: “Onde dois ou mais estiverem juntos em Meu Nome, Eu Me farei presente no meio deles.” Ou, n’outros termos, para esta ordem de exegese, sem desmerecer as outras formas de interpretação desse trecho bíblico (igualmente corretas): “Onde há Amor Verdadeiro, a Fonte da Vida se fará sentir entre os que estiverem partilhando do Fluxo d’Este Amor.”

Não raro, nessas assembleias, espocam intermitências ou mesmo cortes repentinos no “barato” que o agrupamento de amigos está sentindo, quando encarnados ou desencarnados caem em sintonias divergentes do diapasão do amor legítimo. Malícia, inveja, ciúme, desejo de obter poder sobre terceiros ou de mostrar-se superior, tudo isso “arrebenta” com o delicado equilíbrio que congrega os “irmãos em ideal”. Por esse mesmo motivo se diz, em “O Livro dos Espíritos”, que o gozo dos eleitos é estarem os Espíritos que se amam (verdadeiramente) em convívio uns com os outros.

(BdA) – Eugênia, tomando uma rota mais ativa e resolutiva, para problemas dessa ordem, a fim de não ficarmos passivos diante de tais “quedas energéticas” (que, como bem sabemos, na vida social, são não só inevitáveis, como constituem a regra), podemos nos posicionar frente à agremiação, com o foco de corrigir o padrão do ambiente, não é isso?

(EE) – Sim, pela sugestão, sutil ou explícita, de mudança na rota da conversação ou no ângulo de abordagem dos assuntos, bem como pela exalação sincera de vibrações no intento de refazer a harmonia momentaneamente rompida, uma espécie de súplica amorosa (não importando o tom com que seja vazada – até o humor pode ser utilizado para isso: por sinal, uma ferramenta muito eficaz, para que os egos sejam contornados), evitando-se (a não ser quando não possível d’outro modo) a crítica aberta ou a repreensão indireta, mas honestas e bem-intencionadas, se incontornáveis. E o interlocutor, por sua vez, se não estiver tomado pelo ego e suas defesas, também pode pressentir essa boa intenção e reagir positivamente – é o que se espera, por exemplo, de um aluno diante de seu professor que lhe aponta uma falha: algo natural, que não deve levá-lo a se sentir ofendido. Não é outra coisa que fazem os seres relativamente mais evoluídos encarnados no orbe. Eles são aqueles indivíduos sobre quem se diz, habitualmente: “É uma beleza estar em sua presença”. Costumam-se também vincular-lhes processos de curas, a começar do humor, chegando até as enfermidades psicológicas e físicas, ao contato tão só de suas energias. O toque – desde um afago singelo ao abraço, como o passe e a massagem – poderá ter efeito mais eficaz, por potencializar o fenômeno.

Mas não devemos explorar tais pessoas, ou elas (como também é comum) desencarnam precocemente e/ou vivem enfermas, paradoxalmente, porque absorvem os dramas alheios, por um lado, ou, doando generosamente, além do saudável para si mesmas, colapsam a homeostase de seus sistemas corporal-mentais. Remetem-nos ao Arquétipo-Mito do Centauro Quíron, “o curador ferido” (protetor simbólico de médicos e odontólogos), que apresenta uma chaga que nunca deixa de sangrar… a hemorragia d’alma dos espíritos muito amorosos… uma hemorragia “do coração ferido”, pelo desamor de muitos… Sorriem, são afáveis e bem-humorados até; “estão contentes, mas não felizes”, dão muito, recebem muito pouco, porquanto, ainda que alguém sinceramente se dispusesse a lhes oferecer algo, não saberia nem teria como fazê-lo. Seria o mesmo que (fazendo alusão aos casos extremos) uma criança, em período de alfabetização, resolvesse satisfazer a necessidade de conversação substancial de um catedrático erudito em Filosofia e Física avançadas. Imaginemos o equivalente em termos de sentimentos – que o há… e, dolorosamente, no globo.

(BdA) – Bernadette Soubirous desencarnou com 35 anos, gravemente enferma; Jacinta, a pastorinha de Fátima, com corpo incorrupto até hoje, como Bernadette, nem mesmo concluiu a infância. Mas alguns, indiscutivelmente santos, foram longevos, como Chico Xavier, Florence Nightingale e Catarina Labouré.

(EE) – As duas primeiras foram consideradas, para vastas massas, quase unanimemente, como almas santas, enquanto ainda estavam encarnadas; com isso, sofreram terrível assédio vampiresco, que lhes drenou as forças vitais, até a morte do corpo físico “antes da hora”. Quanto a Catarina Labourré, só se soube que vira Maria Santíssima, em Pessoa, após a sua morte de carne. Chico Xavier era atacado, em vida, pelo próprio movimento espírita, que o julgava (quando mais jovem), em expressivos segmentos, um vaidoso inveterado, a publicar, “sem necessidade”, sucessivos livros psicografados, ao passo que o restante do Brasil cristão o tinha como representante de forças diabólicas, por ser médium. Quando, nos anos finais de sua encarnação, foi quase santificado pela opinião popular, “estranhamente” também sofreu um trancafiamento numa espécie de semiclausura no lar, e só via a multidão, no máximo, uma vez na semana, passando longos períodos (algumas vezes, mais de ano) escondido de todos, recuperando-se de renitentes enfermidades corporais. Por fim, Nightingale, com sua severidade racional e militar, era vista como um gênio intelectual, e não como a alma virtuosíssima que era, tendo sido poupada dessa ordem de parasitismo deliberado, com o que pôde trabalhar em paz, no correr de décadas sucessivas, até completar nove decênios de existência material.

(BdA) – E quanto à concentração e métodos melhores de orar e meditar, Eugênia?

(EE) – Prática, disciplina e, para tanto, vontade, desejo sincero de desenvolver a habilidade de ligar-se ao Plano Sublime, sem depender de intermediários – o que é o correto, justo e digno de se fazer –, acessando-se o Alto por meio do próprio Self ou do Anjo latente em cada criatura, que precisa ser despertado, exatamente por estas práticas, paulatinamente. Quando se quer realmente atingir um objetivo, consegue-se. A questão é que há pessoas que declaram querer orar melhor ou mesmo arranjar tempo para suas preces (isso é quase risível: sempre sobra tempo para os programas de lazer ou para as compulsões e vícios mais variados), mas não estão muito determinadas, do fundo de suas almas (ou de seus inconscientes), em fazê-lo. Constroem impérios econômicos, diplomam-se, constituem famílias, conquistam parceiros sexuais – e nada disso é fácil –, mas sentem sono, tédio ou nem sequer conseguem manter o fio da atenção, quando oram.

(BdA) – Alguns, inclusive, utilizam a oração como sonífero, Eugênia: uma prática que várias pessoas já me declararam utilizar…

(EE) – Não só: o mesmo se dá em palestras de tom edificante para seus espíritos ou em reuniões mediúnicas, a não ser as em que “carregos interessantes apareçam no pedaço”, por lhes despertarem a curiosidade intelectual ou a malícia que lhes é própria. Não sendo assim, perdem o interesse e ficam sonolentas, um sono patológico muitas vezes sem nenhuma interferência de “obsessores hipnotizadores” (embora esse fenômeno também aconteça), mas provocado, simplesmente, pelo total descaso com que encaram o assunto. Seus egos, com seu sistema de defesa, “desligam” tais criaturas, para que elas não se modifiquem em seus hábitos e seu padrão de emoções e sensações mais próximas da instintualidade animal – não fazendo referência aqui somente a desmandos do sexo e a vícios de qualquer ordem, mas ao estalão psicológico da desconfiança e suspeita sistemáticas, da dúvida generalizada quanto ao caráter das pessoas, da pretensão cristalizada de ser superior aos outros, do impulso “irrefreável” de tentar levar vantagem em todas as situações e relações, para apenas citar alguns dos feixes de impulso em que muitos passam vidas inteiras, supondo-se dignos, decentes e até muito espirituais, para acordarem, pasmos, do Outro Lado da Vida, em péssimas condições. Esses indivíduos, quando começam a orar, desligam-se de obsessores ou, amiúde, tão somente de seus próprios pensamentos auto-obsidentes, geradores de estresse e tensão, e logo lhes vem o sono.

(BdA) – O inverso do que ocorre à outra categoria de almas a que você aludiu, no extremo espectro oposto da evolução, para os limites terrenos, não é isso, Eugênia?

(EE) – Sim, porque se alguém se sente descompensado e se encontra com os Amigos Verdadeiros – os que vibram em seu padrão de onda mental –, acontece o que se dá nas rodas de amigos comuns: todos se reabastecem psiquicamente. Assim, estes espíritos mais amadurecidos ficam “elétricos”, como outrossim o dissemos acima, e, se forem orar ou meditar um pouco mais longa ou intensamente, logo antes de dormir, perdem o sono, em vez de relaxarem. O que se lhes recomenda, então, é uma prece rápida de encomenda de suas almas a Deus, para que vão a um bom lugar ao saírem parcialmente do corpo de carne, mas que não se atenham a mantras ou orações mais demoradas: para eles, isso significa, inelutavelmente, insônia certa.

(BdA) – Querida Eugênia, há rodas de amigos mantidas em alto padrão, por influência de uma ou poucas pessoas, num diapasão melhor, que se doam largamente – estou certo nessa impressão íntima?

(EE) – Sim. E, se isso acontecer, todos saem se sentindo bem, e o doador (ou doadores, se em expressão numérica muito inferior) parte(m) do encontro – ainda que disfarce(m) – esgotado(s), podendo vir a enfermar, e, quiçá (o que não é raro), precipitar o seu desencarne, como falamos anteriormente. Não por acaso, os regimes de clausura, declarados ou não, foram instituídos em praticamente todas as Tradições Religiosas. Monastérios há tanto no Ocidente quanto no Oriente. Existe muito preconceito em relação à “vida de ermitão”, por ignorância do assunto espiritual, quando monastérios de almas legitimamente virtuosas cooperam eficazmente por elevar a vibração do orbe inteiro, evitando tragédias de expressão mundial, como conflagrações globais. Ninguém diz o mesmo do gênio de ciência ou tecnologia que se isola para criar uma inovação – mas o princípio em vigor, aqui, é o mesmo, apenas transferido para o âmbito da intelectualidade sublime.

(BdA) – Mais algo a declarar sobre o assunto, adorável Eugênia?

(EE) – Que cada um crie o seu próprio sistema de orações-meditações. Deitado, sentado ou em pé (para os dorminhocos – risos). Em voz alta, em discurso silencioso, em discurso escrito, sem discurso algum. Com visualizações ou sem. Com música ou não. Debaixo do chuveiro, em pé ou sentado. Cantando, dançando – sim, dançando: sacerdotisas místicas oravam e entravam em transe, em suaves e ritualísticas danças e músicas mântricas na Índia Antiga, por exemplo. Mas quem quiser orar, que ore. Não diga que não consegue, não tem tempo ou não possui poder de concentração para tanto, porque tais alegações constituem meras artimanhas (leia-se: “armadilhas”) do ego. Há sempre uma forma criativa de se desdobrar esse sacratíssimo hábito. E procure-se fazer preces principalmente pela manhã. Não que a maior parte vá perder o sono se orar à noite (risos – porque não será isso o mais comum), mas para que se comece o dia em uma melhor sintonia, e se possa, no transcurso das horas restantes, voltar, mais facilmente, a breves conexões de prece-meditação, de permeio a atividades e contatos profissionais, familiares ou sociais, durante todas as ocupações e contingências do dia.

(Diálogo travado com o Espírito Eugênia, em 22 de março de 2011.)

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