pelo espírito Temístocles.
De repente, viste-te abrindo falência de ti mesmo.
A explosão de ira em que, há muito, prometeste-te nunca mais incorrer – e em que te flagras, inteiramente rendido, inerme e impotente, qual folha ao vento.
O chiste mordaz, que te constituía caso de honra não mais permitir escapar de tua boca – e que espoca, sorrateiro, qual réptil invisível, a resvalar pelo canto de teus lábios.
A dieta acalentada e programada por extensa faixa de meses, quando não de anos – e que se esboroou do dia para a noite, qual bruma ao vento, esfumaçando-se fugaz.
O estudo de línguas ou da magnífica literatura espírita (ou espiritual não-espírita), de atualização na atividade profissional ou de dilatação da cultura geral – e que se dissipou, qual encanto desfeito, num átimo, ante premências do cotidiano e toda sorte de bagatelas da rotina, que te parecem insignificantes (podendo de fato ser), roubando-te, contudo, na essencial tarefa-responsabilidade de aquisição de conhecimento e de treinamento da inteligência.
Ante tal contingência, revê o que possas fazer, no sentido de não mais incorreres no resvaladouro do desvio da disciplina, no relaxamento do fundamental. Uma série de questões pode estar em jogo:
1 – Propõe-te menos. Talvez tuas expectativas de ação e transformação estejam exageradas.
2 – Persiste, mesmo que com quedas e em medida menor de êxito e realização, em relação ao que almejavas originalmente.
3 – Ora, com fervor, suplicando auxílio do Alto, para a superação de tua fraqueza. A transcendência é invariavelmente obra de consórcio entre a vontade do eu e a Graça Divina, como rezam todas as filosofias e comunidades dos “Doze Passos”(*).
4 – Esforça-te por melhorar teu grau de rendimento na aplicação do novo nível de consciência. Nada de vulto obtém-se sem empenho e perseverança, por longos períodos de tempo.
E, por fim, trata de lavar a “cara” e parar de dramatizar. É natural que haja inúmeras reincidências no erro, até que te assenhoreies plenamente do acerto, no campo em que desejas ver-te excelente. É assim que se aprende. Autores em pedagogia chegam a cogitar de serem imprescindíveis centenas de repetições para que uma assimilação profunda de aprendizagem aconteça. Logo, pára de choramingar e prossegue. Tua rota é sinuosa, mas esta é uma sina de todos.
(Texto psicografado em 28 de abril de 2006. Revisão de Delano Mothé.)
(*) “Alcoólicos Anônimos” e comunidades congêneres, como a “Narcóticos Anônimos”.
(Nota do Médium)