Benjamin Teixeira
pelo espírito
Temístocles.

(Benjamin) – Bons amigos espirituais, alguém deseja falar?

(Temístocles) – Sim, Benjamin, estamos aqui.

(B) – Quem fala? (*1)

(T) – Temístocles. Sua mãe (*2) enviou-me, para desenvolvermos uma palestra dialogada.

(B) – Obrigado. Pretende tratar de algum assunto em particular?

(T) – Sim, dar conclusão ao tema sobre a utilização, em pesquisas científicas, de células-tronco de embriões humanos (*3). Chegou o momento de falarmos mais abertamente a respeito do assunto, que ficou toldado numa necessária e parcial indefinição, por aqueles dias. Precisávamos respeitar a marcha de amadurecimento das reflexões de nossos leitores, dentro desta temática melindrosa e complexa, tanto quanto todo o processo legal em trâmite. Temos a observar – os que nos comunicamos como orientadores espirituais, através dos mecanismos da mediunidade – uma regra inderrogável: a de aguardar, sem interferências, os processos de discussão e confecção legislativa dos encarnados, não nos pronunciando antes que os homens, no plano físico, concebam suas próprias ilações em torno das situações humanas ordenadas pelo tipo legal. Assim, não lhes atrapalhamos as imprescindíveis lides evolutivas.

(B) – Excelente que queira falar sobre o assunto. Não haveria ocasião mais oportuna. Somos todos ouvidos.

(T) – Hipocrisia deplorável alguém se opor, por motivos religiosos, à utilização de dejetos metodológicos de experimentos de fertilização “in vitro”. Propõe-se, tão-somente, que o material que constitui mero refugo de clínicas de reprodução humana – embriões congelados que nunca mais seriam reutilizados (centenas, às vezes, de um mesmo casal – a mulher doadora dos óvulos poderia gestar e parir o fruto de cada semente humana, no transcurso desta vida?) – seja aproveitado em pesquisas científicas, que elevarão o nível de qualidade de vida de indivíduos com graves deficiências psicofísicas, quanto propiciarão a extensão da vida útil e mesmo da sanidade mental de muitos dos próprios detratores inflamados, que hoje condenam a prática (com os avanços que serão propiciados, por esta ordem de estudos científicos, no tratamento do Alzheimer, por exemplo, que alguns dos oponentes a estes estudos padecerão em décadas futuras).

(B) – E não poderíamos esperar o desenvolvimento de novas biotecnologias, que fizessem uso de outros tipos de células-tronco, não provenientes de embriões humanos?

(T) – Não só é sabido que outras modalidades de células-tronco não apresentam o mesmo poder plenipotenciário e de multiplicação que aquelas oriundas de embriões, como o simples fato de haver urgência na criação de técnicas terapêuticas, pela dor aguda de milhões de pacientes com enfermidades neurológicas degenerativas (para citar apenas uma categoria dos eventuais beneficiários destas pesquisas, no mundo inteiro), já justificaria, por si só, a autorização do aproveitamento de resíduos de procedimentos de fertilização humana, que teriam como fim a lata do lixo, mais cedo ou mais tarde.

(B) – Mais algo a declarar?

(T) – Que se pare, de uma vez por todas, com o retrocesso patético de se tentar reprimir o progresso da ciência, em nome de valores que se não coadunam com o que se pretende afirmar: “defesa da vida”. Isso nos lembra as manifestações, atualmente risíveis, do início do século transato, de combate à aplicação da vacina contra varíola, no Brasil agrário e supersticioso daqueles dias já distantes. Existe o assassínio legal de um adulto, em dada contingência, que se denomina “legítima defesa”. Há a previsão da legalidade do aborto, em determinadas conjunturas. Mas, no que concerne a se aproveitarem detritos de experimentos técnicos de reprodução – congelados, ad aeternum, por puro preconceito –, em pesquisas que podem salvar vidas, aos milhões, cria-se uma celeuma, em todos os níveis da sociedade, como se alguém estivesse propondo uma prática criminosa em massa. Discriminação lamentável, falta de bom senso e de isenção, na análise séria de questões profundas e graves. Alguns preferem enceguecer-se e renunciar à própria razão, quando entra em jogo o delírio de seus dogmas arcaicos, de religiões conservadoras, que foram responsáveis por genocídios nefandos, como tão dramaticamente a história denuncia. Abaixo este injustificável obscurantismo medieval, em pleno século XXI. A evolução da humanidade, porém, dar-se-á, com ou sem a colaboração destas pessoas e segmentos reacionários, e a despeito mesmo de todas as oposições que se lhe defrontarem.

(Diálogo mediúnico travado em 12 de março de 2008. Revisão de Delano Mothé.)

(*1) Aproveitando o estado de recolhimento e prece, ao término de meu primeiro culto do Evangelho do dia (faço um à 1h da tarde, e outro à 1h da madrugada), concentrei-me para ofertar aos espíritos passividade mental, de modo a que produzissem a mensagem a ser disponibilizada no site, nesta quinta-feira. Utilizando-me da psicografia, pelo sistema de ditado escrito, não via a entidade amiga que se manifestava, nem lhe reconheci, de pronto, a vibração ou o “timbre de voz”. Só pude perceber-lhe, de imediato, a freqüência em alto padrão, indicando tratar-se de uma inteligência do bem. Por isso, pedi que o comunicante se identificasse.

(*2) Alusão a Eugênia, que, na condição de guia espiritual, dirige as atividades mediúnicas que se processam por meu intermédio, determinando como, quando e quem fala ou escreve através de minhas faculdades psíquicas.

(*3) Há um outro diálogo sobre o assunto, travado com o próprio espírito Temístocles, que pode ser acessado por meio do sistema de busca automática deste site.

(Notas do Médium)