Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito Eugênia-Aspásia.
Descubra seu método de lazer, e se dedique a ele diariamente, se possível, ainda que se submeta à disciplina de um tempo preestabelecido ao dia – algo como meia hora, uma hora. Se o jogo, por exemplo, constitui seu sistema de descanso mental (não é só o corpo que demanda repouso), você pode até nutrir pudores (corretos) quanto a selecionar o gênero da “brincadeira”, mas nunca reprimir os aspectos lúdicos de si. Que não haja vulgaridade ou brutalidade, nem tampouco moralismos (a castradora moral de convenções e costumes sociais): trata-se de um âmbito de “trabalho com a sombra psicológica”, com os aspectos reprimidos de si, que, se forem eliminados nesta circunstância, revelar-se-ão muito mais destrutivos em outras, bem mais delicadas, no mundo real.
A hermenêutica espiritual dos idiomas costuma ser altamente reveladora do “pano de fundo” de propósitos da Consciência Subjacente a tudo e todos. Veja o anagrama que se faz com o vocábulo “lúdico”, em Português: “lúcido”. Só duas consoantes deslocam-se nas duas últimas sílabas. Até proparoxítonas são ambas as palavras. Se você quer ser lúcido(a), não se esqueça de ser lúdico(a). As vocações, em sua essência, guardam semelhanças profundas com o espírito lúdico, visto que a satisfação íntima de realizar o que fomos “chamados(as)” a fazer, pela própria consciência, confere-nos a sensação de brincar, enquanto trabalhamos.
O humor adentra este universo emocional, sobremaneira o humor sadio, que ri de situações ou ideias inapropriadas, e jamais de pessoas, no intuito de abatê-las ou feri-las, mesmo que o foco da zombaria (em que, desta forma, o humor se converteu) seja o(a) próprio(a) “comediante”. Sem humor, não é possível adentrar as faixas de sabedoria. Impossível ser mentalmente são, sem humor.
Tornando ao tema genérico da ludicidade, é inviável alcançar a esfera do pensar nobre, justo e bom, sem que compareça o lado “criança” da personalidade, na melhor acepção psicológica, simbólica e moral do termo. Sem a integração da “criança interior” à psique, não se pode incorporar o padrão arquetípico do(a) “ancião(ã) sábio(a)”. As grandes tradições espirituais corroboram essas assertivas, incluindo a cristã legítima, além do respaldo recente da psicologia profunda e dos mais eficazes métodos educacionais da atualidade.
(Psicografia de 16 de abril de 2013.)