“Em verdade, vos digo: meretrizes e publicanos entrarão no Reino dos Céus antes de vós.” (Jesus – Mateus, 21:31)
Os temas atinentes ao preconceito, no campo da sexualidade, não constituem discussão de superfície – revelam problemas psicológicos e morais profundos, que se irradiam em todos os departamentos da existência de indivíduos e na organização de culturas e sociedades.
Entre esses tópicos basilares, podemos elencar alguns: identidade de gênero, orientação sexual, masturbação, virgindade antes do matrimônio, até mesmo o poliamor e a promiscuidade, além do mais controverso de todos, sobre que Jesus versou literalmente: a prostituição.
Em sua paradoxalidade singular, esses assuntos complexos não só denotam dolorosas feridas nas psiques humanas, favorecendo vícios e atraindo fúrias assassinas e ataques moralistas hipócritas, mas também podem, de reversa maneira, pavimentar as veredas do espírito rumo à transcendência.
Semelhantes temáticas, tão axiais como ambíguas, porque atreladas à materialidade quanto entrelaçadas à espiritualidade, fazem-se místicos para-raios para as certezas condenatórias da maldade, em forma de tabu, e concomitantemente, em contrapartida, abrem a pessoas e comunidades esclarecidas seminais janelas de percepção e elucidação de enigmas intrincados, a exemplo do que propugnam os movimentos sociais e científicos de canalização do bom senso e da boa vontade, de hoje e de outrora, no sentido da abolição de toda ordem de ignorância, atraso, opressão religiosa e tirania política.
Inteligências genuinamente lúcidas e corações de fato bondosos veem, nas pungentes questões correlacionadas à sexualidade e ao gênero humanos, imensos portais de solução e salvação, exatamente onde mentes perversas, psicopáticas ou manipuladoras enxergam barreiras intransponíveis de impossibilidade, “paredões de fuzilamento” da diferença, das liberdades individuais e da dignidade inerente a toda criatura senciente.
As problemáticas que gravitam em torno da esfera sexual não são elementares ou primárias, e sim fundamentais e primordiais. Representam raízes etiológicas de malevolência que, quando sanadas, propiciam a resolução de urgências cruciais e a cura de chagas hemorrágicas da civilização terrena, como o patriarcalismo multimilenar que avilta mulheres, o desequilíbrio apocalíptico na relação da espécie humana com os ecossistemas, o racismo e a LGBTfobia que desqualificam e torturam bilhões de almas, dentro ou fora da matéria densa.
Não por acaso, a libertação das castrações medievais espocou com o advento da tese freudiana da libido, assim como também não foi acidental a eclosão de toda a gama de revoluções históricas que aconteceram nos anos 1960, de modo paralelo e aparentemente orquestrado: as campanhas antiguerra (Vietnã), a luta pelos direitos civis de negros(as) e de emancipação feminina e homossexual, a denominada “revolução verde”, a sublevação popular contra ditaduras, de um lado, e contra o império do sistema consumista, de outro – emblemático nos(as) hippies.
Conflitos concernentes a sexo e gênero jazem no mesmo cerne de pendências capitais como supremacia racial, desequilíbrios ecológicos ou domínio de privilegiados(as) sobre excluídos(as), que configuram a matriz conceitual, o busílis da multifacetada crise planetária atual e retratam a necessidade impostergável de se aplicar universalmente o espírito de fraternidade, a fim de que o ódio sacrílego e genocida, o desrespeito ao valor do ser humano e de quaisquer segmentos sociais, incluindo os minoritários, não acabem por arrastar todos(as) à rota de um inapelável Armagedom.
Desativem-se as forças motrizes da violência e do mal, e as Potestades do Bem se farão predominantes, resgatando esta humanidade da beira do precipício da autoextinção em que ora se encontra.
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium) e
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
28 de outubro de 2020