Benjamin Teixeira
pelo espírito Egberto de Alexandria.
Desenvolva tolerância ao tédio. A vida não é uma eterna montanha-russa emocional. Se você está sempre em busca de emoções fortes, mostra-se suceptível a ser enganado por qualquer vampiro, encarnado ou desencarnado, de seu tempo, de sua energia, de sua vida. Importante ressaltar, outrossim, que uma dos atributos psicológicos basilares da adultidade é compreender que nem sempre a vida se assemelha a um parque de diversões e que se tem que tolerar a insuficiência de alegria, excitação e facilidade em muitos momentos da existência.
Afaste-se da tentação de se culpar por erros antigos. Foque os resultados, mude atitudes que note inadequadas, e parta para novas iniciativas, até que alcance a meta almejada.
Não brinque de esconde-esconde com a Vida. Seja franco consigo mesmo, fazendo um inventário de qualidades e defeitos, a fim de que possa adaptar seu sistema de vida à estrutura real de sua personalidade e caráter. Ter utopias na mente pode ser não só frustrante mas desastroso, quando se desvia a atenção do que pode e deve ser feito, para se tentar o impossível.
Não pretenda ser o salvador-da-pátria. Primeiramente, salve sua alma da infelicidade e da angústia, depois, volte-se para a vida alheia, a fim de socorrê-la. Claro que pode empenhar-se, par-e-passo, em uma e outra frente de batalha e, assim, envidar esforços paralelamente em resolver a sua e a vida de outras pessoas – o meio, inclusive, certo e completo de se aprender a viver. Mas que nunca a solução da existência dos outros comprometa a resolução de sua vida, ou estará perpetrando suicídio moral, estará se contaminando de incoerência e inconsistência que se comunicarão a todos os demais departamentos de sua psique e de sua vida, em tudo gerando conflito, insatisfação e contradição.
Seja prático e idealista simultaneamente. Não mate a flama da paixão, nem assassine o bom senso. É possível viver, com medidas dosadas, o próprio espírito de propósito e, ao mesmo tempo, adaptar-se a contingências materiais inarredáveis. Para isso, afaste-se de atitudes extremadas. Você tem tempo livre? Aplique-o no campo de sua vocação. Você tem que se manter e há um emprego interessante? Aproveite a oportunidade de subsistência. Desistir de um setor pelo outro é que, sem dúvida, representa a deserção da completude, do equilíbrio e da saúde integral que a vivência da totalidade propicia. Quando e se, um dia, puder fundir as duas categorias num só âmbito existencial, muito bem. Mas, enquanto isso não acontecer, acostume-se à ambigüidade que caracteriza a condição humana e siga vivendo sua dubiedade funcional com serenidade e paciência.
Encerre hoje seus medos, ansiedades e neuroses numa caixinha de elaborações sistemáticas, a que dará efeito por meio de horários e dias pré-estabelecidos para tanto. Assim, com disciplina rigorosa, naqueles momentos adredemente reservados para a auto-consciência, cuide de suas fraquezas, processe-as, cure suas feridas, alimente-se em suas carências, purifique-se, transmentalize-se para melhor. Mas que, no exercício profissional, no desempenho dos papéis sociais que lhe cabem e na vida afetiva que lhe merece também dedicação e inteireza, seja você o seu melhor, condicionando assim, sua mente, às freqüências superiores de sua excelência, até que seja impossível perder a conquista do bem-estar em todos os sentidos.
Em suma, otimize o aproveitamento de sua vida, maximizando resultados, sem se violentar (o que, óbvio, é contra-producente) e, principalmente e por conseqüência, seja feliz.
(Texto recebido em 11 de fevereiro de 2003.)