A base da percepção é a projeção psicológica. Cada criatura vê no mundo o que há em si. Enxerga-se o cosmo exterior pelos filtros da própria biografia.
Tons psicoemocionais, tanto quanto matrizes culturais e filosóficas, afetam a forma como o indivíduo lê e avalia personalidades e situações, da mesma sorte que lentes coloridas conferem matizes diferentes ao objeto focalizado.
Bem além do que analogias possam sugerir, todavia, a mente humana não só é incapaz de perceber, fora de si, o que não existe – nem mesmo em estado embrionário – em sua interioridade, como também, via de regra, supõe adivinhar, pelo espelhamento das próprias tendências, o que inexiste em pessoas ou eventos à sua volta.
Na investigação do universo das partículas subatômicas, verificou-se, sem espaço a dúvidas, que o fenômeno observado é alterado, de acordo com pressupostos do(a) observador(a).
Ademais, evidências inequívocas, cientificamente averiguáveis, demonstraram que a matéria, em seus últimos substratos de constituição, apresenta-se ora como onda, ora como partícula, segundo as premissas conceituais e a abordagem dos(as) pesquisadores(as).
Se, no domínio físico, ocorre a interferência projetiva da psique que examina, o que se poderia pensar sobre o complexíssimo e ultrassubjetivo campo das relações, sentimentos e especulações humanos?
Para vislumbrarmos a realidade, de modo a nos aproximarmos do que de fato ela é, indispensável conhecermo-nos em profundidade, progressivamente.
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
8 de abril de 2007