Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Você sente um forte desejo, um impulso inopinado, uma compulsão por fazer alguma coisa? Pergunte-se, calmamente, procurando auscultar o centro de si: Esse desejo é meu? No fundo do meu coração, eu realmente quero isso?
Não pretenda obter respostas, instantaneamente. Procure relaxar, primeiramente, acalmando emoções e sensações. Por fim, verifique o que se passa em seu cosmo íntimo, e faça uma leitura isenta, o mais racional possível, de suas impressões e ímpetos interiores. Poderá se surpreender com tais respostas.
Propagandas subliminares, formação cultural e social, influência dos pais, mestres e companheiros de vida acadêmica e do meio profissional, a força da mídia e do sistema materialistas e consumistas, o arrastão contínuo de vetores desarmonizadores e desagregadores, escravizantes e vampirizantes de entidades alojadas na dimensão extra-física de vida. Tudo concorre para conturbar, limitar, amoldar e descaracterizar, frustrando e infelicitando o indivíduo, em todos os sentidos.
Vivemos num universo de ondas mentais que se interpenetram, cruzam-se, alinham-se, retroalimentam-se, neutralizam-se. A todo momento, dentro e fora do plano encarnado, pessoas se encontram e se influenciam reciprocamente. Não existe total independência de emoções, sentimentos, idéias e pensamentos. Há, obviamente, uma certa parcela pessoal de reação, criação e interpretação do que se passa no universo, mas sempre com inúmeras interferências externas, que inclinam o indivíduo a tal ou qual manifestação psíquica.
Ser obsediado é estar sob império de indução malévola ou perniciosa, a si ou a outras pessoas. A cultura, pais e mães, familiares, amigos, colegas, professores e alunos, superiores e subalternos nas hierarquias profissionais, celebridades e anônimos, de ontem e de hoje, encarnados ou desencarnados, têm uma constante participação em nossa economia psicológica. Reconhecer isso não é propriamente um traço de humildade ou modéstia, mas uma expressão de maturidade psicológica, de lucidez mental. O homem realmente sábio percebe que sua inteligência está em como reage ao que vem de fora e não na criação de um mundo particular, já que influências de todas as ordens participam até mesmo da estruturação das mais pessoais, secretas e idiossincráticas fantasias íntimas.
Faça sempre um esforço por despertar. Todas as religiões e tradições espirituais do passado remontavam a essa necessidade. E, hoje, a cultura predominantemente crítica, céptica e até negativista, chega, por outros caminhos, a conclusões semelhantes. A História, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e até a Neuropsiquiatria, sugerem que o indivíduo repense suas origens, ressignifique seus valores, invista em descobrir quais os constructos fundamentais de sua psique, quais as matrizes basilares do seu modo de sentir, ser, reagir ao mundo e gerar seu universo pessoal de ideias e interpretações da vida, conforme seus interesses pessoais, de modo lúcido, ativo, pro-ativo e, tanto quanto possível: criativo. Assim, seja por uma visão limitada reducionista, que restringe o ser humano a resultados mesquinhos do plano neuromolecular e genético, seja por uma perspectiva mais ampla, holística, multidimensional, que já consiga vislumbrar o ser humano como algo mais que um mero acidente biológico, sempre se notará o tom mental da perquirição, da investigação, do questionamento, a fim de se chegar às consequências últimas, bem como às causas primeiras de tudo que acontece. Em resumo, agir como um autômato, sem pensar e agir por si próprio, apesar de, paradoxalmente, vivermos na era dos computadores por toda parte, é uma atitude completamente reprovável, sob qualquer ângulo de observação, a partir de qualquer paradigma de leitura do mundo: do materialismo mais ortodoxo ao espiritualismo mais delirante.
Em suma, esforce-se por pensar por conta própria, por despertar do seu plano de ilusões, hipnoses culturais, padrões de comportamento aprendidos, de expectativas ensinadas. Faça seu exame de consciência, se não diário, ao menos semanal. Escreva um diário de emoções e vivências íntimas, ainda que destrua cada capítulo, após sua feitura. Procure aconselhamento profissional, terapias alternativas ou psicoterapias clássicas. Leia, estude, faça cursos, participe de congressos sobre a temática auto-conhecimento. E, por fim, conecte-se a Deus, buscando-O da forma que mais lhe agrade e diga respeito ao seu modo de ser, mas fazendo dessa busca uma impreterível filosofia de vida.
Assim, será mais feliz, sereno e sábio, muito antes e muito mais do que imagina, vivenciando um insight após outro e gerando revoluções sucessivas e paralelas em sua existência, em todos os sentidos, rumo à plenitude e à paz, já para essa vida física, e mais ainda para depois dela.
(Texto recebido em 14 de maio de 2003.)
Notas do Médium:
(*1) Neste texto Eugênia deixou transparecer seu lado “mestra em psicologia” que ela, normalmente, oculta, a fim de tocar mais os corações. Hoje, todavia, o tema mais complexo, exigia um raciocínio mais elaborado, e foi o que ela fez, para dissecá-lo com mais propriedade.
(*2) Como os amigos sempre reclamam quando não divulgo, vai aqui o informe: cedi uma entrevista na revista “Sergipe Mais”, deste mês de maio, com vários temas polêmicos abordados, como virgindade, homossexualidade, ateísmo, evidências científicas de vida após a morte, perspectivas otimistas para a humanidade no Terceiro Milênio, entre outros. A revista está nas bancas de todo o estado de Sergipe. Se você estiver no nosso “Sergipe Del Rey”, pode acompanhar o trabalho.