Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
A Terapia de Vidas Passadas realmente é tão boa como outras técnicas catárticas ou ela, em verdade, não passa de mais um modismo?
Toda técnica catártica eficaz traz o selo da cura, já que o indivíduo remonta às causas profundas que geram seus transtornos de personalidade e, assim, remove-as ou trata-as. A Terapia Regressiva a Vivências Passadas (*1) é uma dessas técnicas eficazes, quando bem feita.
É a melhor, Eugênia?
Não existe terapia melhor. Existem metodologias mais aplicáveis a esse ou aquele caso, a esse ou aquele contexto, a essa ou aquela interação paciente-terapeuta, a esse ou aquele indivíduo. Portanto, não podemos, de antemão, apontar uma técnica como a melhor a resolver todos os problemas existenciais do ser humano.
Alguém pode melhorar apenas com um bom aconselhamento?
Há pessoas que revolucionam suas vidas ou descobrem o propósito de estar na Terra, apenas ao ouvir uma frase, assistir a um filme, ver uma criança carente na via pública. Há outros indivíduos que levam anos em consultórios psicanalíticos e não passam dos primeiros passos do processo de elaboração de suas questões. Portanto, cada caso é um caso.
Tem algo a dizer sobre o assunto?
Que as pessoas deveriam valorizar mais as fontes de aconselhamento e de apoio, sejam profissionais ou fraternas. Deus socorre a criatura por meio da própria criatura. Há muita gente esperando que o próprio Criador, em Pessoa, venha lhes aconselhar sobre o melhor a fazer. Não percebem como entronizam o orgulho em suas almas, perdendo contato com a realidade e, com isso, bloqueando os canais por onde a Divina Providência adentraria suas vidas, para auxiliá-las. Em vez de pretendermos buscar falar diretamente com Seres indiscutivelmente superiores, porque não nos ouvir uns aos outros. Às vezes, no consultório de um psicólogo, na voz de um sacerdote, no conselho de um amigo ou um familiar muito querido e de confiança, recebemos a resposta de Deus para nossos dramas. Todas as criaturas deveriam estabelecer uma disciplina de busca sistemática de aconselhamento e/ou suporte psicoterápico, obviamente conforme resultados e afinidades considerados. Ao menos uma vez na semana, todas as pessoas deveriam ter alguém com quem desabafar e falar, sem reservas, sobre suas problemáticas mais íntimas, perturbadoras e pessoais.
Tenho dito nos programas de TV que são dois os caminhos, duas as disciplinas, dois os hábitos fundamentais para nos mantermos conectados a Deus: a prece (individual), a freqüência ao culto coletivo de busca de Deus (coletivo). Deveríamos incluir esse outro elemento?
Sim, deveríamos. Alguém deve ser constituído, por cada indivíduo, o guardião de sua probidade interior, em nome da própria consciência e em nome dos guias espirituais desencarnados. Obviamente, que a pessoa deverá checar sempre, com o filtro de sua intuição e de seu bom senso, aquilo que lhe é sugerido, as avaliações que são feitas de seu comportamento e de suas escolhas. Esse guardião eleito, não se pode esquecer, é um representante das vozes profundas da alma do aconselhado, e, portanto, se não estiver em profundo acordo com ela, deve ser ignorado, ao menos naquele aspecto de desalinhamento entre a consciência de um e o juízo de valor do outro. Mas, apesar de se considerar a falibilidade humana e, portanto, não se poder instituir autoridade absoluta a ninguém, em termos de gerência de nossas vidas, é indiscutivelmente necessário que se tenha alguém como mentor existencial ou guia espiritual. Quem não for médium ostensivo e não possa dialogar diretamente com seus orientadores desencarnados, deve ter alguém, no plano físico, que veja como representante do Plano Maior, e, assim, converse com essa pessoa, periodicamente, nesse estado de espírito, sabendo que os próprios protetores espirituais farão uso do médium esclarecedor (que foi instituído no mentor encarnado), para apresentar tópicos importantes para seu progresso geral.
Obviamente que podemos mudar de guia ou mentor, nessas circunstâncias, quando não nos sentirmos bem…
Sim, obviamente. Mas o indivíduo deve se precatar da tendência de procurar “orientadores” que só digam coisas agradáveis e que, portanto, correspondam apenas aos apelos de seu ego, não estando alinhados, assim, com a voz de sua superconsciência e, por conseqüência, do anjo de guarda e demais Potestades representantes de Deus. Assim, esse mentor encarnado tem direito e até o dever de contrariar, aqui ou ali, sempre que necessário, os desejos, os impulsos, as impressões momentâneas do ego do orientado. É comum, no processo de transferência psicológica, projetarem-se não apenas os apegos infantis em mentores encarnados, mas também as rebeldias pueris da criança caprichosa interior, que almeja, amiúde, evadir-se do esforço de aprendizado e crescimento, assim como o pequerrucho que faz birra para não ir à escola. O problema é que, sendo alguém adulto e gozando de toda liberdade que lhe é prerrogativa inalienável, naturalmente se pode ficar pervagando de consultório em consultório, de guru em guru, sem dar ouvidos ao mais importante para si, até, quem sabe, lamentavelmente, parar nas mãos de quem menos seja abalizado para orientar, por apenas afagar as neuroses e caprichos que deveriam ser debelados, tratados e transmutados e não alimentados.
Eugênia, faria mais uma pergunta. Há quem diga que não precisa de orientação de ninguém. Que sua razão e sua consciência são o bastante. E muito se orgulham disso, como um atestado de maturidade ou inteligência. Que diria sobre isso?
Essa pessoa está na perfeita sintonia das trevas. Somente no plano inferior (*2), alguém pode agir sem dar satisfações a ninguém. No plano superior, quanto mais alguém amadurece, mais deve dar contas do que faz e mais se sente propelido a buscar o auxílio salutar da orientação nobre, embora, paradoxalmente, a liberdade também aumente. A questão é que, quanto mais evoluída é uma consciência, mais ela busca ouvir o que outras, ainda mais evoluídas, lhe têm a dizer, a fim de que erre menos, acerte mais e progrida mais rapidamente. Nas esferas superiores de consciência, há uma profunda teia de disciplina e comunicação e ninguém toma decisões graves, sem que haja concordância coletiva a respeito. Isso, que pode soar estranho para caracteres mais arrogantes, vê-se facilmente como verdadeiro, ao se notar que até os ambientes de trabalho mais avançados, no plano físico, estão aplicando esse sistema de poder, parcialmente, ao instituírem a “gestão participativa”. A idéia de uma autoridade, no comando, que determina, autocrática e solitariamente, a condução de rumos de um empreendimento, é hoje vista como uma filosofia organizacional ultrapassada, que favorece muito mais erros e menos acertos. O mesmo se pode aplicar à própria vida, como um todo. É fundamental que se tenha a partilha profunda de significados e conteúdos da alma, que, dada a complexidade e profundidade da iniciativa, não pode ser feita com mais de uma pessoa, normalmente, inclusive para não se criar uma cacofonia psíquica, com vozes dissonantes criando mais conflitos, em vez de dissolvê-los, na alma do orientando. Se já é difícil sintonizar uma pessoa com a voz da própria consciência e criar ajustes de “tradução”, que se dirá de mais de um? Eis porque disse Jesus, que um servo não pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. É isso que sugerimos seja feito. Quem não quer autorizar alguém como seu guru, orientador ou guia, ainda que seja um desencarnado (se a pessoa tiver suficiente maturidade psicológica e desenvolvimento mediúnico para se deixar ouvir o que for duro e desagradável para si também), está, em verdade, julgando-se o centro e o ápice do mundo, e, ao dizer que só dá satisfações a Deus, está, em verdade, afirmando que só dá contas a si. Pois, como disse também o Mestre Jesus, se não se ama ao irmão, que se vê, como se amará a Deus, que não se vê?
Forte e importante. Obrigado, Eugênia.
Não há de quê, meu filho.
(Diálogo travado em 11 de março de 2004.)
(*1) Termo técnico atual da TVP, mais adequado, que alude ao fato de que a regressão de memória pode se dar para eventos traumáticos da existência física atual, não havendo necessariamente, rememoração de outras vidas físicas.
(*2) Regiões infernais do plano espiritual.
(Notas do Médium)