Benjamin Teixeira
pelo Espírito Eugênia.
A sombra psicológica – no sentido de conjunto dos elementos indesejáveis da própria personalidade, dos níveis mais primitivos às faixas mais elevadas de consciência –, se não reconhecida e, de alguma forma, vivida, ainda que apenas liberada, episodicamente, em situações de controle (normalmente, quando a criatura se encontra sozinha), por uma válvula de escape que seja, cristaliza-se em enfermidade, explode em vícios, podendo, em casos extremos, degringolar para condutas criminosas, contra si ou terceiros, a começar dos entes mais amados.
Esta válvula de escape (que, em tese, apenas “desafogaria” a tensão da panela de pressão, sem aproveitar a energia-propulsora do vapor, como as máquinas a vapor o faziam no passado) pode se converter em conduto para a canalização das energias originalmente destrutivas (quando em estado bruto, quais os impulsos à violência e à autoviolência), transformando-as, pelos mecanismos “digestivos” da própria psique, para as florações do que Freud denominava “sublimação”, mas que vemos, tão-só, como investimento consciencioso, ponderado e, principalmente, ético e espiritual, das forças galvânicas, obtidas por esta ordem de serviço autoterapêutico e de autotranscendência.
Podemos também dizê-lo, de um modo mais metafórico ou poético, como um mínino de loucura íntima reconhecida, sistematicamente, por um método criado pelo próprio indivíduo, a que se submeta por disciplina, em caráter de cura das próprias mazelas emocionais e morais, com processamento racional pragmático, em função de gerar, com o resultado de tal empenho, uma amplificação ou melhoria da qualidade do bem a fazer, em todos os âmbitos da própria existência, de molde a que se adquira o máximo de lucidez exequível ao nível evolutivo em que se estagie, além de motivação, alegria e criatividade, com o fito de aplicá-las ao próprio e ao bem comum – caminho para a sabedoria, para a felicidade plena e para a transcendência…
(Texto recebido em 15 de julho de 2010.)
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