Benjamin Teixeira
pelo espírito Egberto de Alexandria.
Está com medo de perder o emprego? Invista em sua empregabilidade, incrementando seu currículo, desenvolvendo novas habilidades, etc., e, fazendo o possível, tranqüilize-se.
Está com receios em relação à sua saúde? Melhore sua qualidade de vida física: durma melhor, faça atividade física, reveja sua dieta. Feito isso, tranqüilize-se.
Teme morrer, sofrer um acidente, contrair ou desenvolver uma doença incurável? Tome precauções para evitar tais contingências, sem neuroses, sem perturbar sua rotina de compromissos e responsabilidades, e siga adiante, em paz.
Teme o futuro, por sua sobrevivência, pela continuidade do seu casamento, pelo encaminhamento de seus filhos? Tome todas as providências cabíveis, para consolidar seus laços empregatícios e/ou profissionais, bem como familiares, no intuito de garantir o melhor fluxo e qualidade possíveis em suas relações interpessoais. Mas, fazendo o melhor ao seu alcance, tranqüilize-se.
Um avião pode cair sobre sua cabeça ou um raio. Você pode sofrer um acidente, ficar paraplégico ou demente. Mas infernizar a própria rotina com a possibilidade improvável de eventos trágicos, em vez de se concentrar no plausível e imediatamente realizável, constitui não só um delírio, mas também um suicídio da alegria e, principalmente, da funcionalidade, já que a mente fica sobrecarregada com tensões sobre o imponderável, em vez de se ater ao real. Sentir probabilidades fracas como concretas é não só estupidez e semi-loucura, como também denuncia processo auto-sabotador da felicidade, levado a efeito pelos complexos de inferioridade e de culpa, além de falta de fé, já que pode se ter essa completa certeza: agindo com um mínimo de prudência e temperança, ninguém morre antes da hora, antes de concluir as tarefas e lições programadas para a presente encarnação.
Você será colhido de surpresa por inúmeros pequenos e grandes desastres do cotidiano, e, sem dúvida, em menor ou maior medida, eles acontecerão, como ocorrem na vida de todo mundo. Ficar, todavia, em estado contínuo de paranóia, imaginando-se constantemente, na iminência de algo horrível acontecer não só favorece e potencializa tais ocorrências nefastas, como inviabiliza o aproveitamento da existência, a alegria de viver, a paz, o rendimento no trabalho, a harmonia nas relações e até mesmo o equilíbrio mental. Ainda que algo de ruim venha a acontecer, o que, aqui ou ali, realmente será, que o encontre feliz, centrado e seguro, e, assim, além de ter desfrutado de todo tempo até lá, estará também numa excelente condição psicofísica para enfrentar o desafio superveniente e vencê-lo galhardamente, recuperando a paz e a felicidade momentaneamente interrompidos.
Ninguém é feliz o tempo todo. Ficar tenso para manter estados contínuos de bem-estar, impede a manifestação da bem-aventurança na maior parte do tempo e transforma pequenos acidentes de percurso em terríveis e inomináveis tragédias, estressada que já encontram a pessoa, por tanto sofrer o tempo inteiro, por ninharias do cotidiano. Não sofra por bagatelas: libere-se de preocupações sistemáticas e obsidentes, para que possa ser feliz, na maior parte do tempo e possa manter-se eficiente e tranqüilo, nos instantes de arrostar e solucionar problemas e crises, que são ocorrências naturais da senda evolutiva.
Seja feliz, agora. Não tente viver uma felicidade perfeita, ou sem interrupções, mas a felicidade possível, razoável, da alegria serena de quem sabe que derrotas episódicas, nesse ou naquele departamento da existência, acontecerão, mas que se sairá vitorioso de todas elas, fortalecido, amadurecido, ainda mais feliz e tranqüilo, por se perceber com poder de transcender todas as injunções da Vida, encarando dificuldades como rotina e não como tragédias.
Por fim, confie em Deus e tenha certeza de que, debaixo do Seu infinito amor, onde todos nos albergamos, o melhor sempre acontece, mesmo quando coisas ruins ocorrem (poderia ser sempre pior). De modo que, antes de pensar que um dia as coisas estarão melhores, tenha a certeza: já estão agora o melhor que podem ser e cabe a cada um de nós envidar esforços no sentido de se tornarem ainda melhores; esforços esses em regime de equilíbrio e tranqüilidade, sem o estresse pela obtenção imediata de resultados, na hora e da maneira que julgamos devam ser.
Desapegar-se e continuar lutando por metas e ideais – eis a atitude heróica e superior dos desbravadores da Nova Era – de gente que já antecipa, parcialmente, as delícias do Céu, em plena pugna das atividades purgatoriais e educativas das existências físicas.
(Texto recebido em 18 de fevereiro de 2003.)