Benjamin Teixeira
pelo espírito
Roberto.

Tricotando a vida alheia, minha filha?
Por que não trata de tecer os fios da boa-vontade, em serviço de auxílio a seu semelhante?

Ah… cansada da noite longa demais?
Por que não diminui um pouco as horas de vigília e de inutilidade, e cansa-se no trabalho solidário, em vez de remoer dores solitárias, por o corpo se recusar a dormir, cheio de uma energia que não consumiu durante o dia de folga excessiva?

Sei. Você adora uma fofoca.
Deveria gostar também de que falem de você, com o mesmo gosto pérfido que tem para vasculhar e despedaçar a vida do próximo.

Sei. Você adora uma vida mansa.
Deveria, então, gostar do esforço que a mantém. Porque, se você não sustenta os seus luxos, alguém o faz. E se você não retribui o que recebe, em utilidade ao bem comum, a Vida, cedo ou tarde, tirar-lhe-á o que tem ou algo que considere ainda mais valioso.

Nada é de graça, na teia da vida.
Tudo tem um preço a se pagar.
A escolha por fazer compras a prazo, à vista ou no crediário, bem como fazer hipotecas, aluguéis ou simplesmente furtar, para depois ser preso e punido, é, sem dúvida, sempre, de cada alma, em sua jornada solitária rumo a Deus.

(Texto recebido em 6 de janeiro de 2003.)