Nota introdutória
Benjamin Teixeira, com bom humor, trata de sua sobrecarregada rotina de trabalho, dando-nos uma pequena amostra dela, num dia que seria reservado a seu descanso – uma ocorrência de não descanso que lhe é bem típica: um padrão que ele mantém há anos sucessivos e que, em verdade, raramente é quebrado.
Equipe editorial do ISQ
por Benjamin Teixeira
Originalmente, iria digitar alguns comentários breves e despretensiosos, a amigos íntimos, mas os Bons Espíritos acharam por bem que eu abrisse ao grande público o meu relato, gerando uma documentação do ocorrido, além da partilha que desejava… embora não tão ampla (risos).
Amanhece em Aracaju. Já passamos expressivamente das 6h de terça-feira (minha folga é segunda… e por isso já se foi, consumida em trabalho… mmmuuuiiitttooo trabalho – risos). Esta madrugada, por exemplo, não foi nada fácil. Fiz um certo movimento de comunicação eletrônica (dos muitos que mobilizo diariamente, secundado por minha competente equipe de auxiliares), pouco antes de nosso último Culto do Evangelho do dia, à 0h, e, concluso o tal movimento, disse a Delano, em palavras próximas a estas:
– Querido Dê, acho que podemos esperar um reverso energético infeliz… Estou sentindo algo estranho no ar… Creio que seja a pressão da mente de vários encarnados, reagindo à “má” notícia que lhes dei [notícia que é má da ótica deles]… Ou talvez este ‘tranco psíquico’ apenas esteja dando abertura a algo mais… que não seja proveniente de encarnados…
Não tardou o que previra. Todavia, o que se deu extrapolou, em muito, as minhas expectativas. Minha mente se embaralhou completamente, mal conseguia concatenar as ideias – inopinadamente, organizar o raciocínio para falar ou tomar qualquer decisão elementar se tornaram tarefas dificílimas. Notei-me não operacional. Delano percebeu a gravidade da situação e, já habituado a presenciar crises do gênero – embora não sejam frequentes –, por morar comigo já há 4 anos, auxiliou-me, compassivamente, com o acolhimento de um vovozão do bem e a devoção de uma Florence Nightingale (risos – acho que ele não vai gostar da metáfora – risos). Precisaria resolver a urgência, e logo Wagner, prestimoso como um cavaleiro medieval, pronto à próxima batalha, surgiu, disposto a tudo, inclusive a me carregar nos braços, se necessário (rio-me só em tentar visualizar a cena… – risos).
Residindo em ambiente preparado para tanto – uma espécie de Centro Espírita, com atividades normais (e contínuas) de socorro e atendimento a entidades sofredoras (incluindo encarnadas – risos): afinal de contas, trabalho com psicografias, psicofonias, meditações e planejamentos de interesse coletivo, nos três expedientes do dia, ano sobre ano, em meu próprio apartamento –, convoquei Delano, meu adorado irmão do Espírito, e Wagner, meu amantíssimo cônjuge, a me assessorarem nos esforços de “desobsessão de emergência”.
Recolhi-me em meu quarto, deitei-me, para favorecer um transe completo (arriscado para iniciantes), e, para nossa surpresa (mais dos meninos, não tanto minha), a primeira manifestante foi de uma Orientadora Espiritual anglofônica, ligada ao núcleo americano do Salto Quântico, que se apresentou como Christine. Durante um quarto de hora, a interlocutora curiosa conversou conosco (enfrentando, inobstante, resistências em minha aparelhagem psíquica, para a fluência no idioma dos “irmãos do Norte”, como ela mesma protestou), em um Inglês que, para Wagner (acostumado aos professores americanos de seus estudos avançados de produção de vídeo, de quem costuma tomar aulas, sistematicamente, pela internet), parecia sem sotaque e, para Delano, desconcentradíssimo, apesar de seu bom conhecimento do idioma de Jane Austen (de organismo matutino e exaurido depois da direção de uma reunião mediúnica na noite de segunda), soava um tanto incompreensível. Falou sobre amenidades, mas se mostrou interessada em incluir as duas componentes da Equipe de tradução da Obra de Eugênia para o Inglês (as únicas residentes no Brasil – os dois demais moram em Londres e EUA, respectivamente Paulo Hazec e Marcone Vieira), no próximo encontro do gênero (ela falando Inglês por mim – imaginem!… quase quebro toda a ossatura da língua – risos), para planejarem tarefas (nomeou Iris Souza e Luciane Azevedo).
Logo mais, surgiu uma figura (grotesca, mas que inspirava uma certa piedade, em sua rudeza sincera e despojada) de matutão de idade avançada, sexomaníaco, que consumiu um pouco as reservas de paciência e diplomacia de Wagner, com insinuações indecorosas sobre as damas da Instituição, além de desdenhar da condução de Delano, na direção da reunião mediúnica da noite anterior – completamente sem sentido, é claro. Apesar de a entidade envolver Dê (que permaneceu impecavelmente sereno) em suas investidas ferinas e sarcásticas, quem assumiu a função de “esclarecedor”, neste caso, foi meu amado marido-príncipe (aprecio viver semilouco, na fantasia de que Hollywood tem razão em seus “happy ends”! – risos), enquanto o dirigente do Núcleo do Salto Quântico da cidade de Nossa Senhora da Glória, revisor do site e diretor da mediúnica de segunda-feira (ufa! – quanto cargo… e encargo – risos), nosso ilustre Delano Mothé (o “th” com a linguinha entre os dentes, como na fonética inglesa; o “é” fechado, como se fosse um acento circunflexo, assim: “ê”, conforme a pronúncia francofônica – ele, porém, prefere simplesmente: “motê”) permanecia na “sustentação”, em prece.
Por fim, uma criança desencarnada conversou longamente com Delano, chamando-o de “tio Dê”, numa história mirabolante, envolvendo reencarnação frustrada, que, lamentavelmente, não podemos minudenciar em público, por envolver a privacidade de terceiros. A criança, que se apresentou como Carlos, impetrou intercessão de Delano ante os pais, que resistiam a recebê-lo, pelas vias da reencarnação, na condição de filho biológico. Fixado na condição infantil, por complicados compromissos cármicos, com os familiares encarnados que o rejeitam (que aqui, pelos motivos acima expressos, não caberia detalharmos), o espírito perturbava severamente o ambiente doméstico, inclusive fomentando tendências suicidas na irmãzinha mais velha – uma garota com menos de 10 anos (pasmem!).
Finalizada a sessão de desobsessão de emergência, foi a vez de a Mestra Eugênia ditar seus memorandos gravados, por meio da psicofonia. Duas cartas fonadas para duas diretoras da instituição (duas para cada: é isso mesmo!), que foram acordadas para ouvi-las, baixando-as de suas caixas de e-mails (normalmente acordo quem esteja dormindo, quando recebo mensagens da outra dimensão de Vida, porque não me sinto em condições de avaliar se o destinatário gostaria de esperar pelo amanhecer ou não, em função do delicado das temáticas que costumam ser ventiladas), bem como uma outra missiva ditada, para Delano, e, por fim, uma epístola por incorporação também, para Wagner. Eugênia, para variar, deu aquele show de provas da imortalidade da alma, tratando de assuntos da intimidade dos pensamentos e do cotidiano de cada qual dos destinatários das correspondências mediúnicas, a que eu não tinha acesso – e os próprios agraciados têm plena consciência de que os dados não eram de meu conhecimento. As carinhas (ou vozes, pelo telefone; ou textos, por SMS ou e-mails) de surpresa feliz de meus amigos (alguns, não tão próximos), ao receberem os tais recados precisos, sábios e amorosos do Além… admirados e felizes, porque nunca se acostumam com tal bênção (não há como, em sã consciência, considerar algo normal um correio com o Outro Lado, logo o Lado de Cima, o que é sábio e amoroso), pelo maravilhoso de que o fenômeno sempre se reveste, dirimindo-lhes dúvidas delicadas, ajudando-os em intrincados enigmas da existência… e o quanto imagino que, com isso, esteja eu contribuindo, ainda que indiretamente (porque a obra e o merecimento são dos Espíritos do Bem), para a felicidade deles… pagam toda a medida de sofrimentos e sacrifícios que tenho faceado, nesta tarefa tão complexa e pesada, ano sobre ano, década sobre década…
Já havíamos passado da metade da madrugada. Só as incorporações dos três mencionados espíritos, em meu quarto, consumiram 1 hora inteira. As falas de Eugênia desbastaram bem mais uns 45 minutos. Sabia que não chegara ainda o momento de me deitar. Wagner se despediu para dormir (meu esposo, noctívago como eu, sempre se recolhe para o sono depois de Delano), e, às 4h da quase manhã, matutei com meus botões:
“Hoje, apesar de ser meu dia de folga, foi um tanto puxado. Já respondi a inúmeros e-mails e SMS’s, do Brasil e do exterior; fizemos um Culto do Evangelho à tarde, uma visita social à noite; tivemos esta madrugada tão complicada de tratamentos mediúnicos imprevistos… Acho que mamãe me liberará de estudar, n’é?”
– De maneira nenhuma! – respondeu o nobre Espírito Eugênia, prontamente. – Sente-se. Precisamos estudar Emmanuel hoje, se não lhe for demais pedir…
Claro que atendi! Como não atender à Mestra Espiritual, que sempre pede o melhor para meu crescimento? Inevitável o biquinho torcido de contrariedade na boca. Minha criança interior esperneava por dentro. “Que saco! Ela não larga de mim, não é?” E eu respondia, reagindo a estas impressões íntimas primeiras, no esforço de autorreforma, com sentimentos os mais adultos e maduros que conseguia recrutar, na plena calada da madrugada do final de meu dia de descanso, após uma semana de tanto trabalho: “Isso é para o meu bem! E ler Emmanuel não deixa de ser um lazer, uma forma de nos divertirmos…”
A criança interior preferiria se empanturrar de sorvete, assistindo a um episódio de “Ghost Whisperer” de mãozinhas dadas a Wagner, na penumbra de meu quarto, aboletado na poltrona recostável… Mas… que fazer, n’é? Meu dia de folga… mais um, foi in-tei-ri-nho cancelado para tarefas da Causa. (Nunca, mas nunca mesmo, tenho um dia de folga completo para mim; no máximo, consigo um expediente, e geralmente com o fim de assistir a um filme – que utilizarei, a posteriori, para ilustrar palestras ou retiros espirituais –, ou de me entregar a uma conversa com amigos, durante uma refeição, enquanto lhes tiro dúvidas ou esclareço questões sérias de Espiritualidade, amiúde mediunizado sutilmente, sem que eles disso se deem conta claramente.) Waguinho, a esta altura do campeonato, inclusive, já estava empacotado, no décimo quarto sono, provavelmente trabalhando na outra dimensão, em desdobramento, tomando aulas com os Mestres em edição de vídeo do Plano Superior… Foi o argumento final do meu “ancião sábio interior”, em diálogo educativo com minha “criança rabugenta”, ainda fazendo beicinho e franzindo o cenho para deixar clara toda a reprovação que lhe ia n’alma (risos).
Comecei a ler Emmanuel, um delicioso livro de mensagens de esclarecimento e conforto. Com uma hora de leitura, nestas circunstâncias difíceis, meus olhos começaram a pesar e arder, e os bocejos se seguiram, um empós outro… Como Eugênia não dizia nada, regulei a luminosidade do ambiente, para cansar menos os olhos, tomei um gole d’água para “espertar”… e tornei à leitura… Lá pelas 5h30, as chaves de força do cérebro se desligando sozinhas, disse para mim mesmo: “Agora, pronto! Minha hora de me deitar. O dia amanheceu.”
Percebi, então, uma aproximação amiga, e o Espírito Irmão Lucas disse, cheio de entusiasmo terno:
– Nossa, Benjamin! Estas colocações de Emmanuel foram excelentes! Poderíamos extrair verdadeiras pérolas delas. Vamos trabalhar juntos?
– Mas agora? Eu estou es-go-ta-do! – exclamei, sem o menor pudor.
– Bobagem! – interveio Eugênia, em apoio a Lucas – trago-lhe suprimento de forças, se isso se fizer necessário. Receba-lhe as anotações, por obséquio, meu filho. Foi para isso que lhe pedi lesse esta obra de Emmanuel. Lucas grafaria alguns apontamentos relevantes, para o interesse do vulgo, assim que você, pela leitura, alcançasse as passagens precisas.
Foi quando surgiu a peça magnífica de sabedoria que os amigos podem acessar facilmente e ler, na postagem de ontem, com o título: “Rota Difícil, Mas Necessária – Como Realmente Ser Feliz”.
Exausto, mas feliz com o lindo trabalho que, por meu intermédio, desdobrara o circunspecto e devoto Irmão Lucas, comecei a digitar um SMS aos íntimos, antes de correr para os preparativos finais a dormir (uma mensagenzinha curta, só para fomentar uma leitura mais cuidadosa do texto), quando Eugênia me soprou à psicoaudiência:
– Muito interessante, Benjamin… Trate de ampliar e converter estes apontamentos íntimos em narração pública. Vai ser útil a muita gente.
Pois é, gente… isso não é ficção… é a mais pura, crua e dura… mas maravilhosa realidade – tenho que reconhecer.
Após a publicação e revisão mediúnica do trabalho de Lucas, e desta minha própria escrita autobiográfica, são agora 7h45… Vocês imaginam o traste de cansado que eu estou, a esta altura dos acontecimentos? (risos). Precisarei acordar ao meio-dia, porque já tenho compromisso às 13h, e, daí por diante, até o amanhecer do próximo dia. Com sorte, se meu banhinho morno me acalmar bastante, consigo dormir durante umas 4h… E este… bem… era para ser meu dia de folga… Mas quem mandou ser médium a serviço da multidão? (risos) Como posso deixar de lado questões que envolvem o bem-estar de tantos, em função de conforto pessoal de algumas horas, aqui ou ali?… que acabam sendo… de minha vida inteira, desde a juventude? (risos – meio amarelos…)
E olhe lá que me sinto muito mole… Quem quiser entender o que estou dizendo e compreender que não estou sendo modesto, que dê uma olhadinha na biografia de Chico Xavier – xxxiiiii!… Vai sair correndo do ideal de ser médium! (risos) E tem gente que tem o desplante de nos invejar… Quem é este(a) louco(a) (risos)? Façam a caridade de interná-lo(a), com camisa de força e direito à polêmica e suspensa terapêutica dos eletrochoques! (risos)
Seu Irmão em ideal cristão,
Exorando sempre suas preces intercessórias, para que erre o mínimo possível e acerte o máximo que esteja ao meu alcance, em obra tão séria – a de canalizar a Espiritualidade Orientadora para o Plano Físico de Vida, campo este em que, em tese, não se poderia errar nunca…
Benjamin Teixeira.
Aracaju, 23 de março de 2010.
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