Benjamin Teixeira
pelo espírito Temístocles.
Há exatos 50 anos, em 4 de novembro de 1957, a cadela Laika foi posta pelos russos em órbita do planeta, o primeiro ser vivo a experimentar, em nosso orbe, no plano físico de existência, esta ordem de experiência.
Havia algo de extraordinário na ousadia dos tecnólogos e engenheiros espaciais da época, que nos cabe seguir, como exemplo de audácia construtiva, na realização do melhor ao próprio alcance. Apenas 51 anos antes, a geringonça “14 Bis”, engenho do inventor brasileiro Santos Dumont, mal saía do chão, por poucos minutos e metros, diante de uma platéia atônita, entre jornalistas e intelectuais de uma cultíssima Paris, que documentaram o evento histórico. Seguindo o mesmo padrão de audácia saudável, os norte-americanos, apenas 12 anos após o sacrifício da cadela russa, faziam com que o primeiro homem pusesse os pés na Lua, nosso satélite natural, a 20 de julho de 1969.
O que você se diz impossível fazer, em termos de disciplina, coragem e afeto, e que, longe de ser impraticável, apenas lhe exigiria esforço e método, determinação e sensibilidade mais apurados?
Não foque esta meditação proposta, sob a inspiração da efeméride internacional, tão-somente nas matérias de prestígio, poder ou posses. Pense nos quesitos da felicidade autêntica, do bem-estar íntimo e permanente, da sensação de dever cumprido, de concretização do próprio sentido para viver, o propósito de estar na Terra (que pode, inclusive, envolver circunstâncias de influência e riquezas, mas não necessariamente).
E, por fim, cogite em lançar o seu “animal interior” ou “ego inferior”, seu feixe de impulsos primitivos e instituais – representado, simbolicamente, na famigerada cadela Laika –, na direção da “estratosfera” dos ideais superiores, porque, como reza a psicologia profunda, somente em extraindo a força, a motivação e os conteúdos de aprendizado e autoconhecimento da “sombra psicológica”, integrando-os à personalidade, pode-se avançar, com segurança e eficácia, nos rumos do “arquétipo da totalidade”, ou, em outras palavras, seu “ego espiritual” ou “Eu Superior”.
(Texto recebido em 4 de novembro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)