Dois rapazes tinham um relacionamento romântico: um deles era homossexual; o outro, bissexual.
Depois de um certo tempo, uma mulher heterossexual, que seria “a outra” (pessoa), entrou na equação afetiva… E, para pasmo dos que observávamos do Plano Espiritual o desenrolar dos eventos, o homem gay da relação “original” não só aprovou a atitude do companheiro bissexual, como se dispôs a viver, ano após ano, solucionando crises do segundo relacionamento do seu cônjuge com “a outra”!… Ou seja: pôs-se a ajudar aquela que, para a quase totalidade das criaturas encarnadas na Terra, seria a “usurpadora” de sua felicidade, assumindo a função de um pai ou de uma mãe da “inimiga” e auxiliando-a ativamente a preservar os laços e a harmonia com seu parceiro!…
O bissexual evoluiu o vínculo com a moça para um noivado e passou a coabitar com ela, sempre, todavia, contando com o apoio efetivo do antigo companheiro, com quem se encontrava apenas uma vez na semana, sem sequer tocá-lo nesses momentos de breve interação sexual…
Era de cortar o coração ser testemunha de tão impressionantes gestos de amor cristão… Mas o que mais doía era observar que o homem bissexual, que não aceitava sua face gay, julgava prestar um favor ao seu benfeitor, entendendo como natural e devida a interferência generosa que ele exercia em sua relação hétero, uma ação solidária que era de uma benemerência absurda para os padrões morais da Terra…
Essa “complexa” situação que aqui trago a público, em linhas gerais, sem detalhes (muitos deles importantes), evidencia o horror dos preconceitos e injustiças medonhos de nossa época… A jovem, é claro, quando tomou notícia do que acontecia, escandalizou-se com a existência do relacionamento homossexual prévio, demonizando a figura do conselheiro de tanto tempo. E, para completar o quadro sinistro, o bissexual enrustido, no afã de preservar o casamento com a mulher – sua vitrine pública de “dignidade hétero” –, também vilanizou o antigo parceiro, diante da esposa magoada, fazendo uso de calúnias absurdas sobre haver sido induzido à relação gay, como se um relacionamento entre adultos pudesse ser mantido, no correr de anos, sem decisão consciente das duas partes.
Como o preconceito – de que a “LGBTfobia” constitui emblemático exemplo – é capaz de distorcer completamente os fatos e a interpretação que se faça deles, invertendo ou fantasiando polos de bandidos(as) e mocinhos(as)!
Por outro lado, esta narrativa sumariada nos oferece mais um atestado de como é comum que os(as) representantes da Luz sejam considerados(as) personalidades sombrias ou indecentes, por seus(suas) contemporâneos(as) de nível evolutivo mediano, exatamente quando mais estão acertando, galhardamente, aos Olhos do Céu…
Um retrato, outrossim, do quão ingratos(as) podem ser os(as) beneficiários(as) dos atos de renúncia e autodoação mais difíceis e contínuos, levados a efeito, qual se deu nesta história, por quem se devota a elevados princípios espirituais e movimentos de amor fraterno, não apenas revelando total desinteresse pessoal, mas atingindo o ápice (inacreditável para muitos corações) de agir contra os próprios interesses, em favor de afetos, e mesmo (o que parece ainda mais absurdo e inverossímil): de sacrificar-se em prol de rivais!…
É, amigos(as)!… Essas pessoas existem… são raras, mas existem. E algumas, vez que outra, descem à ribalta da reencarnação, para fomentarem o desenvolvimento de coletividades, “escondidas” em posições de teste extremo, como ainda hoje é (e por um bom tempo continuará sendo) a de um homossexual na circunstância que narrei, cujo desdobramento seria impensável até para quem vive a condição socialmente favorável da heterossexualidade…
Gustavo Henrique (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
10 de junho de 2018