por Benjamin Teixeira
Com o exercício continuado de minha mediunidade, desde 1988, mas em particular no correr dos últimos 13 anos (desde 1991), comecei a abrir, de modo mais claro, a psicovidência, que está espetacularmente aberta, progressivamente, desde 2001, mais ainda durante o transcurso de 2003. Atualmente, ao me sentar diariamente para conversar com a querida mentora Eugênia, ouça-a e vejo-a com nitidez tão grande, a ponto de poder observar-lhe detalhes da pele ou dos cabelos.
Eugênia gosta de me levar a uma alameda mística, onde passeamos e conversamos concomitantemente, bem à moda peripatética, trazendo-me lições espirituais, enquanto caminhamos lado a lado, calmamente, “meditativamente”. Nas extremidades dessa alameda, que fica no meio de um pequeno bosque, num platô localizado no alto de uma montanha, existem dois clarões em forma circular. Desde 1998, Eugênia me leva a essa região do plano espiritual, e ultimamente tais visitas têm-se feito rotineiras. O primeiro clarão, que foi a primeira parte do circuito da alameda que conheci, tem um banquinho de mármore, semelhante aos das praças do plano físico. O segundo, que só vim a conhecer neste ano, tem um fabuloso chafariz e, em torno dele, uma lindo cultivo de flores, que se espalha suavemente, por parte da alameda, como um adorável jardim a marginar a pequena estradinha de terra para dois caminhantes, separada por um canteirinho ao meio.
Na terça-feira próxima passada, fui procurá-la, para nossa conversação diária, um pouco antes do habitual, às 7 horas da manhã (costumo procurá-la no início da tarde). Esperei que fosse psiquicamente transportado para a localidade astral onde a doce e sábia mentora costuma me esperar para tais encontros educativos. Estava ela – para minha surpresa – a arrumar, sobre o braço direito flexionado, um ramalhete de flores campestres que ela dava a entender ter acabado de colher. Como não falou nada (espero sempre que ela tome a iniciativa), sabendo que ela tinha consciência de minha presença, desfilei uma certa preocupação minha, quanto a dificuldades encontradiças em determinado trabalho relacionado ao Projeto Salto Quântico. Eugênia, então, sem olhar para mim, fitando as flores que arrumava com a mão esquerda, exclamou, após minha lamentação:
– Nossa! Como são lindas estas flores de verão(*)!
– Ô, gente! (pensei comigo mesmo, em meu bom nordestinês): Eugênia ‘tá doida? Estou aqui falando de problemas sérios e ela me vem com essa de: “Como as flores estão lindas”!?
A sábia mentora, porém, como que ignorando meu padrão de pensamentos, após a pausa breve que me deu tempo de ficar perplexo e fazer tal juízo a respeito dela, continuou, em tom significativo e enfático, ainda fitando as flores, sem cruzar olhar comigo:
– O calor abrasante… A chuva intensa… a umidade e o mormaço sufocantes… fazem com que elas fiquem assim tão lindas!
Sorri comigo. Como sempre, Eugênia, a grande sábia, sem perder uma única oportunidade de exprimir sua sabedoria, divagava, sem divagar, para me trazer um exemplo persuasivo do que queria dizer. Foi quando então o grande guia espiritual olhou-me nos olhos, pela primeira vez naquele dia, e passou a falar de modo mais direto do que eu havia lhe explanado antes, dando agora seus pareces de maneira específica.
Logo após, passou à mensagem pessoal do dia. Telefonei, então, ato contínuo, para a destinatária do comunicado mediúnico, e ela me confirmou ter acontecido exatamente o que Eugênia me dissera no comunicado, agradecendo pelo conselho espontaneamente ofertado pela grande mestra da felicidade.
– Para que os jardins de nossa vida fiquem mais floridos – deu prosseguimento, mais tarde, Eugênia, a seu raciocínio luminoso – a terra tem que ser ferida, para que surjam os veios da irrigação, a matéria putrefacta do adubo precisa ser manuseada e assimilada, e, por fim, a exposição ao sol e ao vento cansam e incomodam não só a terra e as plantas, mas também o pomicultor. Somente assim, porém, a folhagem se converte em flores; e as flores, mais tarde, em frutos.
Creio que sejam dispensáveis comentários adicionais. A didática de Eugênia é insuperável.
(Texto redigido em 29 de janeiro de 2004.)
(*) É verão no Hemisfério Sul, nesta época do ano.