No desdobramento dos recursos medianímicos, prezado amigo, terá que contar com algumas dificuldades e percalços. Primeiro: a renúncia a certos prazeres efêmeros será obrigatória. Nada de fumo, bebidas alcoólicas, ou comilanças extravagantes. Da mesma sorte, o sexo deverá ser regrado ao estritamente necessário à manutenção da saúde física e emocional, bem como quaisquer drogas ilícitas – dispensável até dizer – devem ser de todo esquecidas das possibilidades de uso. Toda a psique e suas energias, em profundo entrelace com as forças do corpo, devem ser postas a serviço, em profundo e contínuo estado de equilíbrio e harmonia, à delicadíssima e fina sintonia energética com os planos mais altos de consciência. Além disso, toda forma de comportamento vicioso, do ciúme ao deplorável hábito do mexerico devem ser completamente banidos, para que a voz da verdade possa soar sem interferências, no âmago da alma devotada ao sagrado ministério da mediunidade.
Amiúde o sono lhe faltará, outras tantas, a depressão surgirá sorrateira, minando-lhe a alegria de viver. A supersensibilidade lhe fará padecer com a aproximação de pessoas perturbadas, quanto sofrer de felicidade, na presença daquelas que lhe fazem bem. E, por fim, mais que tudo, deverá renunciar a qualquer pretensão de ser autor de seus pensamentos, de suas obras, de suas ideias. Em tudo, embora haja o toque de seu modo de ser e de sentir, o que houver de bom deverá ser reputado à Espiritualidade Superior, de que é porta-voz no mundo físico. Uma vida de sacrifício, sim assim pudéssemos dizer, de devotamento, abnegação e entrega totais – melhor seria falar.
Pugnarão por seu fracasso. Armarão ciladas no seu caminho. A treva, ensandecida, tudo fará por desanimá-lo na senda da verdade em que jornadeia, bem como fazê-lo desistir definitivamente de trilhá-la, infiltrando sofismas bem elaborados no fundo de seus sentimentos mais secretos. Que as vozes de seu coração e de seu ideal sejam mais altas, sempre. Na hora extrema da tentação, recorde-se daqueles que lhe seguem empós, sequiosos da linfa do Mundo Maior que oferece com seu empenho de intermediário da espiritualidade, e, olhos fitos no bem imenso que lhes faz, sustentando-lhes a fé, o ânimo, o ideal, a esperança, a alegria e a paz, prossiga em sua vereda de sacrifícios pessoais, cônscio de que mais vale você calar suas dores do que a alegria de milhares ser sacrificada.
A partir de hoje, não de amanhã, se você, prezado amigo, escolheu a mediunidade como propósito de sua existência, assuma o compromisso com a disciplina, o esforço e a dedicação irrestritas, porque não é fácil, no mundo terreno, trabalhar o espiritual com tantas solicitações ao físico. E, dessarte, quando a voz da futilidade, do interesse pessoal, do prazer material e da preguiça convidarem-no ao desvio de conduta, recorde-se das altas responsabilidades que estão afetas àqueles que se fazem vexilários da fé, no mundo da incerteza, e, erguendo olhos ao Céu, invoque forças e siga, convicto de que não caminhará só, mas acompanhado daqueles que, dos Altiplanos Espirituais, velam por sua paz, sua felicidade e o êxito pleno em seu programa existencial de disseminador da Luz da Imortalidade…
Gustavo Henrique (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
30 de novembro de 2000