(Temas da Atualidade e Intemporais –03.)
Delano Mothé, em diálogo (*) com o
Espírito Eugênia (Médium: Benjamin Teixeira)
Assunto da Atualidade:
(Delano Mothé) – Como entender a compulsão extrema, no consumo de drogas e vícios diversos, a ponto de provocar a própria ou a morte de terceiros, como no caso do casal sul-coreano, viciado em games, que deixou sua filha de três meses morrer de fome?
(Espírito Eugênia) – Vemos, no exemplo relatado, a que extremos chegamos, como civilização ocidental (exacerbadamente voltada a necessidades e práticas externas, com pobreza gritante de valores íntimos), no que concerne ao vazio existencial ora existente, em massa, nos corações humanos, pela falta de Deus e da Espiritualidade, uma necessidade inata nas humanas criaturas, que somente pode ser satisfeita por meio da fé, e da fé vivenciada em caráter de “realismo psicológico” – digamos assim –, ou seja: não uma fé aprendida, dogmática ou crida tão-só, e sim vivida “em espírito e verdade”, como Nosso Senhor nos ensinou em Seu Evangelho. Nas reuniões mediúnicas em que há autêntica sinceridade de propósitos entre os congregados, nos cultos evangélicos com hinos cantados em meio a empolgação sagrada, no ritual da missa, com todo o seu rico simbolismo, vemos este tipo de fé, que pode, se o adepto destas religiões quiser e se permitir (espiritismo, protestantismo ou catolicismo, respectivamente – apenas oferecendo os exemplos mais comuns em nossa realidade brasileira), engendrar a ponte-canal de suprimento emocional-psíquico para esta fome espiritual visceral e inescapável, que não é suprida por meios alternativos, quais as drogas ou mesmo vícios mais disfarçados, como o apego excessivo aos filhos (confundido com responsabilidade parental ou zelo e amor) ou a compulsão ao trabalho (igualmente vista como sinal de competência ou de critério com o dever profissional), socialmente aceitos e, no entanto, tão patológicos quanto a fixação metabólica no uso de determinadas drogas – lícitas ou ilícitas, conforme a legislação de lugar e época assim o ditem.
Deus e Espiritualidade – é a resposta que temos a oferecer a esta humanidade carente de um sentido para viver. A tecnologia facilita a vida, mas não lhe dá substância, nem base, nem finalidade. Eis por que, então, estamos abrindo esta ponte mística com Nossa Mãe Maior, Maria Santíssima, ao final de nossas preleções domingueiras, para que a sede axial de muitos seja saciada, e todos possam viver, e viver em abundância, como nos prometeu e pediu Nosso Mestre e Senhor Jesus.
[É grave o perigo de se confundir, no exercício da mediunidade e da paranormalidade, em caráter mais extenso (que inclui os fenômenos mentais não mediúnicos, como os telepáticos, precognitivos e psicocinéticos): o ego com o não-ego, a transcendência do ego com sua repressão (que é patológica e tem severas consequências contrarreativas do inconsciente, a posteriori), o intrapsíquico (o que provém do inconsciente do próprio médium) com o extrapsíquico (o que é oriundo de inteligências desencarnadas); e mesmo o legítimo fenômeno de contato com o que se chegou a denominar, em Parapsicologia, de “agentes psiteta” (as almas dos mortos, que deixaram o plano da matéria) implica sérios riscos, em suas várias faixas de expressão de consciência, que vão da malevolência e primitivismo extremos à mais sublime excelsitude de sentimentos e sabedoria. Teríamos, assim, grosseiramente traduzindo, em linguagem kardecista clássica: “os dois maiores escolhos à prática mediúnica – o animismo e a obsessão”. E não se está considerando aí toda a complexidade multifacetada do universo dos padrões e imagens arquetípicos, no que concernem ao inconsciente (pessoal e impessoal), quanto (no âmbito externo) aos vetores de psiques coletivas, formadas por aglomerados humanos (em camadas sucessivas de justaposição, em processo contínuo de interinfluenciação: a mente grupal de uma família com a mente coletiva de uma cidade e ambas com o inconsciente coletivo da humanidade inteira, para dar apenas um exemplo simples), que nem são forças arquetípicas ou fragmentos da psique do próprio paranormal, nem entidades espirituais independentes da mente mediúnica, apesar de funcionarem, em várias circunstâncias, ora como se fossem uns, ora como se fossem outras. Não é à toa, portanto, que, por sua complexidade e profundidade inextricáveis (que parecem infinitas: quanto mais se estuda o fenômeno, mais se notam estratos de complicação em sua realidade e manifestação), os fenômenos psíquicos têm sido, tão ordinária e historicamente, tidos como psicodélicos ou francamente patológicos, por falta de extensão e critério nas pesquisas e reflexões levadas a efeito, em torno de suas nuanças sutilíssimas e intermináveis… É sempre mais fácil tentar enquadrar um fenômeno ultracomplexo num esquema objetivo que o simplifique (mas que também o mutila), para que nossa tola vaidade possa declarar que o entendeu, sem ter compreendido quase coisa alguma. Só que, ao fazermos isso, sacrificamos a verdade, o espírito de isenção científica e, principalmente, todo o potencial de aprendizado e vivência que subjaz a este maravilhoso cosmo de mistério, fascínio e sabedoria. (Nota de Benjamin Teixeira)]
Assunto Intemporal:
(DM) – No exercício mediúnico, qual deve ser a postura do aprendiz, diante dos fenômenos, a fim de que tenha melhores condições de discernir o que é genuíno do que não passa de manifestação anímica ou ilusão oriunda do próprio inconsciente ou provocada por pseudossábios do Além, interessados em desviar da rota do bem os iniciantes incautos?
(EE) – Recomendar oração sistemática, culto do Evangelho todos os dias (em horário pré-estipulado e à meia voz, ainda que sozinho) e o estudo criterioso de obras básicas da temática recomendadas, com o apoio constante de grupos preparados e amadurecidos nesta ordem delicadíssima e complexa de tarefa, já foi dito alhures, por nós mesma e outros autores, encarnados ou desencarnados, diversas vezes. Por isso, tomaremos outra rota de reflexão, não menos importante, após considerados os itens que acabamos de enumerar.
Obtém-se a segurança mediúnica, tão almejada por todos os praticantes da função de Perséfone, através da concentração no próprio eixo de paz, serenidade e felicidade – felicidade naquele sentido místico que conferimos à palavra, isto é: de satisfação profunda, plena, tranquila, fulcrada no dever cumprido, no sentimento de estar realizando a própria vocação e missão na Terra, missão esta que não precisa ser grande (e normalmente não o é), porque a ideia de “grandeza” já chama o ego à tona, o qual compromete severamente o andamento das engrenagens de sintonia superior, deixando o incauto iniciante, dessarte, entregue à fúria destrutiva dos pseudossábios de nossa dimensão de existência (por você citados), que logo o envolverão em elogios e outras profecias impressionantes sobre seu futuro e sua grandiosidade. As missões de vulto, no campo da canalização do Plano Superior, acontecem espontaneamente, após testes severos a que são submetidos seus predestinados, desde o berço e, mormente, após o despontar dos primeiros sinais da mediunidade ostensiva. Ante tais testes, os egos deslumbrados dos menos adiantados no carreiro evolucional, nos primeiros momentos de contacto com a nossa Esfera de Ação, correm espavoridos. São crianças mimadas querendo destaque e prestígio, normalmente, de modo consciente ou não, buscando compensações por frustrações em outros departamentos de suas vidas. No campo mediúnico, sobretudo na seara das grandes tarefas, encontra-se uma tal sobrecarga psicológica e espiritual de tensões emocionais e compromissos sociais, que somente almas extremamente amadurecidas, para o padrão médio evolutivo da Terra, suportam-lhe a canga.
Mediunidade é um terreno sagrado de realização do Divino, na condição humana no domínio físico, como no extrafísico de existência… desde os xamãs das culturas primitivas (que imiscuíam vivências místicas, de caráter simbólico de seu inconsciente pessoal e filtradas pelo inconsciente coletivo da tribo a que pertenciam, com seus guias espirituais que, por isso, tomavam, em suas telas mentais, a forma de animais), até os médiuns modernos, altamente racionais e instruídos, que acabam, por pudores exagerados, bloqueando muitos fenômenos genuínos e construtivos que poderiam se dar mais espontaneamente.
Todavia, mister se faz lembrar, em contrapartida, que os fenômenos psíquicos são deslumbrantes, e causam uma certa vertigem e frisson íntimo, semelhante ao provocado pelo uso de drogas, assinalado acima, na outra pergunta que você nos dirigiu. Logo, deve-se adentrar este território, do Espiritual comunicativo, com muita cautela. Reuniões mediúnicas ou exercícios de contato com outras dimensões de consciência não constituem uma área de compensação por frustrações espirituais, como as atinentes à plena consciência de propósito, de lugar pessoal no mundo, do que se veio fazer, de com quem se está comprometido, em todos os níveis das relações interpessoais. Se o indivíduo não faz esta distinção profunda (começar pelo Espiritual em Si-mesmo, para que então possa adentrar o Espiritual-externo, de comunicação paranormal), e, paradoxalmente, basilar e imprescindível para a prática da mediunidade, melhor mantenha-se distanciado das iniciativas de dilatação das capacidades psíquicas embrionárias (ou parcialmente ostensivas) que porte, para não gerar sobrecarga de problemas em seu cosmo mental, de reversa maneira a prestar um auxílio catalisador dos processos evolucionais – a si e a terceiros –, que representa a finalidade fundamental, em última instância, das comunicações entre domínios diversos de existência.
Mais uma vez, repetimos aos médiuns de todas as fases de desenvolvimento e mesmo de trabalho (e não só aos iniciantes): concentrem-se no centro da própria paz, onde não há ego, desejo de supremacia pessoal, de exposição e destaque de si, de mágoa, ódio ou desejo de vingança, bem como apego ou qualquer ordem de fixação ideológica ou cultural. Atingir este centro de profunda isenção, com, simultaneamente, completa devoção, comprometimento e entrega, é um desafio difícil de ser alcançado, reconhecemos, mas não podemos simplificar o que se faz tão importante e que, de fato, é complexo, tendo em vista a saúde mental, a segurança física e a destinação espiritual dos próprios que se candidatem à prática de comunhão e interação com o nosso Plano de Vida, ainda que apenas para prestar socorro a desencarnados sofredores – ou principalmente se for este o objetivo, pois que se poderão estar abrindo a toxinas psíquicas, utilizemos esta metáfora, de grave periculosidade e difícil erradicação.
(Diálogo travado em 14 de março de 2010.)
(*) Dois registros: 1) as perguntas são formuladas previamente e apresentadas ao Médium, apenas na iminência de se iniciar o diálogo; 2) ficam aqui explicitados meus enfáticos agradecimentos à Mestra espiritual, que misericordiosamente nos brinda com Seu espetáculo de sabedoria sobre-humana, elucidando-nos, com didática, abrangência e profundidade sempre surpreendentes, os temas mais sibilinos.
(Nota do revisor)
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