Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.
Observa teu peito inflamado de ódio, e apieda-te de ti mesmo. Não é possível levar uma existência adiante, com produtividade e serviço equilibrado, sem harmonia íntima.
Vê teus desejos desenfreados de possuir, ascender na escala de prestígio da comunidade a que pertences, bem como de adquirir poder, no ápice da pirâmide social. Não estranhes, assim, que tua mente pervague numa contínua atmosfera de angústia e medo, ansiedade e paranóia.
Nota, por fim, teu afã de dominar o cônjuge e os familiares, como títeres de teus caprichos pessoais, e vê se não é fácil inferir que, com isto, te tornas escravo do ciúme e da inveja, do rancor e da compulsão, sem lograr um único instante de tranqüilidade e alegria interiores.
A disciplina da vida mental e a melhoria dos próprios padrões de pensamento e sentimento, amigo, é dever não apenas moral ou religioso, mas princípio de auto-preservação psicológica, com o fito de viabilizar, com um mínimo de bem-estar e estabilidade, a própria existência.
Assim, hoje, estabelece este propósito: queres ser feliz – logo, deves te tornar pessoa melhor. Queres crescer em paz e sabedoria – logo, deves fazer o possível para te tornares mais senhor de ti mesmo.
Dizes que até te tornarias alguém melhor, se tivesses certeza da imortalidade da alma e do intercâmbio entre as duas dimensões de vida. E não sabes, amigo, o despautério que enuncias, sem te dares conta. É que, no estado moral e psíquico com que segues tua vida, fosses dotado de maior sensibilidade e estarias presa de terríveis verdugos e exploradores desencarnados, a vampirizarem-te as forças e a manietarem-te o comportamento.
Cada coisa em seu devido tempo e lugar. Cada percepção nova, no instante em que há preparo adequado para suportá-la. Cada nova conquista, quando merecimento e lucidez suficientes existem na criatura, para que, ao menos, os maiores desvios e carmas de ingratidão sejam evitados de sua parte.
(Texto recebido em 27 de fevereiro de 2005.)