(Registros da Mediunidade – 09.)
por Benjamin Teixeira.
Sou agora auxiliado pela nobre dama Ana Maria, adorável pedagoga desencarnada que labora com o Grupo dos professores da Espiritualidade de nossa Instituição. Após ficar meia hora em transe de psicofonia, para fala dos Espíritos Gustavo Henrique, Irmã Brígida, Roberto Daniel, Elvira e da própria Ana Maria – da parte dos Mestres desencarnados do Salto Quântico –, e mais dois sofredores, com assistência do amigo-pãe Delano e do amor-cônjuge Wagner, pediu-me ela relatasse um episódio que ocorreu comigo há poucas semanas, fora do corpo, o que passo a fazer agora, às 4h30 (sei que é pleonasmo, mais vale reforçar: é da manhã mesmo! – risos).
Encontrei-me numa espécie de escola improvisada para Políticos. Numa certa repartição pública que aqui não posso nominar – por motivos que os Bons Espíritos pedem também sejam abstraídos, mas que têm a ver com suceptibilidades religiosas de algumas pessoas envolvidas e preconceitos com relação ao que seja uma instituição do bem – alguns políticos sergipanos, com comprometimento com a Causa Humana, estavam em sala de aula, controvertendo, com um especialista em Política aplicada no plano físico (este desencarnado), sobre como ser efetivos para atingir seus objetivos de melhoria da cidade (a maior parte deles eram Vereadores). O trabalho era feito na própria crosta, porque era mais fácil reunir um número maior de componentes da classe pública se não fosse necessário asilá-los numa cidade do Plano Sublime, por motivos óbvios.
Uma certa figura que não é propriamente um político, mas que vive na circunvizinhança da política partidária, estava por lá, muito animada em suas colocações de protesto, por considerar que se sente muito “apertado” na margem de manobra que lhe é ofertada para fazer acontecer os seus projetos para a utilidade geral.
Enquanto acompanhava a discussão, percebi uma senhora no salão, encarapitada num canto superior do teto, em ponto super-desconfortável, sentada numa ala vazia, acima do que estávamos (e só havia um vão entre o forro de madeira e o telhado), suas pernas atravessando o teto da sala de aula improvisada. Estava alheia a tudo. Estranhei-me mais de um particular: era desencarnada, e não encarnada em desdobramento (como a maior parte dos que compareciam e compunham aquela pequena assembleia). Ana Maria a meu lado, restringiu-se a dizer, socorrendo-me a curiosidade saudável, porque voltada ao entendimento do que ocorria, já que se tratava de iniciativa do Plano Superior:
– Foi uma funcionária pública, que fazia tudo para “roubar” o tempo que instituição da dimensão física lhe pagava para trabalhar pelo bem comum. Retíssima, no que diz respeito ao erário público, que jamais desviou para si, não notou que se envolveu com a prática criminosa da negligência deliberada. Desceu à Terra prometendo grandes melhorias no setor educacional do Estado Sergipano e se desviou seriamente de seus propósitos, procurando apenas matar o tempo, faltar ao serviço (sem motivos justos, desde que as ocasiões de absenteísmo não lhe implicassem consequências), aposentar-se o quanto antes, com o máximo de estipêndios mensais garantidos. Não foi política corrupta, mas, ironicamente, com eles sintonizou, sofrendo efeitos psicológicos correlatos, no além-túmulo, hipnotizada, mês sobre mês, ano sobre ano, por terríveis pesadelos que a acometem, noite e dia, sem que logre mais que poucos minutos de lucidez ao dia, apenas para lamentar, horrendamente, sua sinistra sina… Como, nesta sala, encontram-se apenas os que pretendem agir e ela se encontra presa ao padrão de não-agir, bem como à culpa imensa por ter se confiado a este padrão, deixamo-la por aqui ficar, passando longas horas em situação de torpor e distanciamento de tudo que acontece em torno, mas beneficiando-se, indiretamente, das vibrações e padrões de pensamentos dos camaradas encarnados (que ela sente com mais facilidade, pelo seu baixo teor vibratório), que, em atividades como esta, são os mais bem intencionados no exercício da Política local, excetuando-se alguns poucos missionários, realmente componentes do Domínio Superior de Vida, que recebem cobertura à parte, e não em grupo, como aqui fazemos… O fato de aqui se submetê-la a esta “exposição galvanizadora” à ação disciplina e persistente no bem acelera, em muito, o seu processo de despertar, fazendo com que o poderia demandar séculos sejam reduzido a décadas; e, em alguns casos, conforme a receptividade, boa índole e circunstâncias atenuantes do “paciente-educando”, a poucos anos.
Logo estávamos trafegando num jardim interno, trasladando de um prédio a outro da Instituição pública do âmbito material de existência. Foi a vez de a simpática anciã, grande professora, fazer um desabafo bem humano comigo:
– Não entendo, Benjamin, por que “Fulano” (referindo-se ao tal figurão que debatia calorosamente com o professor titular da aula) não me ouve. Passei todo o tempo da discussão emanando-lhe sugestões de tranqüilidade e convicção na vitória final do bem… e ele me parecia surdo aos reclamos do coração.
– Ana Maria – ralhei, em tom afetuoso, como se a velhinha serelepe e culta de cabelos nevados houvesse se convertido numa moçoila ansiosa – parece-me que você se esquece de que, apesar das boas intenções, “Fulano” é encarnado e tem um padrão egóico de consciência forte demais para poder lhe captar facilmente as emanações psíquicas, ainda mais quando tomado de “indignação”. É homem de bem, mas muito primário no campo do sentimentos mais elevados de ideal e devotamento, para colher-lhe os alvitres justíssimos…
Tive que interromper minha fala, porque já ingressávamos n’outra atividade, em que pude expender pouco mais de 30 minutos. Meu corpo precisava acordar, para demandas fisiológicas no início da manhã; e, entristecido, despedi-me da amiga encantadora, prometendo reencontrá-la logo pudesse e recebesse autorização da Grande Mestra Eugênia.
(Texto redigido na madrugada de 28 de junho de 2009.)
Atenção:
Logo abaixo, há um arquivo disponibilizando um vídeo histórico de 1994 de nosso programa de televisão.
Nos próximos dias, estaremos trazendo a lume artigos (psicografados ou inspirados), além de vídeos históricos da Instituição.
Não sabemos por quanto tempo isso se dará, mas é garantida, no mínimo, a publicação de um arquivo, por dia, neste nosso sítio eletrônico da internet, seja ele em vídeo, apenas áudio ou tão-só texto escrito.
Benjamin Teixeira
Estância, Sergipe, 1º de julho de 2009.